sábado, 25 de agosto de 2012

Religião tem regras

Religião tem regras

Texto: Babalawo Ifagbaiyin Agboola

Com o passar do tempo muito se tem escrito sobre a verdadeira função do sacerdote dentro da religião afro-brasileira, mas a impressão que eu tenho é que quase nada foi esclarecido, um Babalawo ou um Babalorisa é confundido com um proprietário da pessoa iniciada, as confusões acontecem ou por parte de quem é iniciado ou por quem inicia. É muito comum ouvir em minhas palestras perguntas sobre a relação de pais e filhos ou irmãos na casa de Orisa.

Algumas pessoas acreditam que se forem iniciadas pelo mesmo sacerdote que iniciou o seu cônjuge a situação caracteriza um incesto, isso nos leva a seguinte pergunta somos católicos ou pertencemos a Religião Yoruba (Èsìn Yorùbá) qual é a nossa verdadeira religião?

Uma grande quantidade de pessoas iniciadas em Orisa ainda seguem preceitos católicos ou orientações espiritas por desconhecer os versos de Ifá, não sabem que dentro desses versos existem as normas de comportamento que orientam os iniciados e o seu comportamento diante de Olodumare.

Eu escuto todo tipo de pergunta, é melhor assim, pior seria se as pessoas não perguntassem, continuassem com suas dúvidas, acredito que devemos dividir informações.

Existe algumas coisas que devem ser esclarecidas, uma pergunta frequente é relativa a preceito, sexo e pecado, no Odu Oworin Ofun, fala que o sacerdote não deve fazer sexo com sua esposa naquele dia, ele está comprometido com os rituais, todos as orientações de comportamento podem ser encontradas nos versos de Ifá, no Odu Osa Otura, fala que devemos sempre falar a verdade, no Odu Ogundakete, diz que não devemos roubar.

Um texto de Ifá muito conhecido do Odu Osetura, fala da importância das mulheres, do respeito que os homens devem manter por suas esposas, filhas e por suas mães, outro texto do Odu Ofun Meji, diz que o iniciado em ifá deve ver Iya Odu e se tornar um Babalawo, já no Odu Ogbe Meji, fica claro que a principal esposa de Orunmila só pode ser cultuada por quem passou por um ritual chamado Ipanadu (cerimonia que o awo se torna um Babalawo, momento que apaga se a luz para ver Odu).

No Odu Ogbe Yonu,fala sobre a relação financeira homem e a família da esposa diz que até o casamento todas as despesas da mulher devem ser mantidas pela família, mas depois do casamento o marido não deve deixar que a mulher passe necessidades, a manutenção da casa é responsabilidade daquele que assumiu a relação diante da família.

Ainda no Odu Ogbe Yonu, vamos encontrar dados referentes ao casamento de um Babalawo, nesse Odu diz que não deve haver a separação e nem o adultério, que as pessoas deveriam antes de assumir uma relação pensar bastante, fala ainda que aquele que escolheu viver com uma única mulher deve respeita-la e protege-la, ainda nesse Odu vamos encontrar uma advertência contra o uso de magia maléfica contra o cônjuge, nesse caso Ifá vai se lançar em sua defesa e não sabemos o que pode acontecer; nesse Odu diz que o Babalawo deve ter uma postura digna e não deve se envolver com outras mulheres, a punição para o sacerdote que não cumprir essa orientação diz Ifá: (que ele nuca vai atingir o sucesso em seu trabalho).

Obs: Com respeito ao numero de esposas o Babalawo deve seguir a orientação do seu odu e buscar uma forma de respeitar a cultura local, podemos tomar como exemplo o odu Oyeku Meji a onde ifá diz:

Que aquele nascido sobre esse signo só pode ter uma esposa, é evidente que também podemos considerar a leis de cada país, no Brasil é crime manter se casado com mais de uma pessoa.

O Odu Ogbeyonu, fala da punição do Babalawo, que desejar a mulher de outro awo, diz Ifá (aquele Babalawo ou iniciado em Ifá que deitar com a mulher de outro awo, não deve ver outro amanhecer).

No Odu Ogbe Meji, a necessidade do comportamento digno é enfatizada, de tal forma que a punição seria o infortúnio, a falta de sucesso e o total esquecimento, o abandono do sacerdote, suas orações não devem ser ouvidas, essa é uma das punições mais temidas, a relação homem Orisa deixa de existir.

No Odu Obara Egutan Encontramos em detalhes, a relação de um Babalawo, com a sua Apetebi, nesse verso de ifá diz (a escolha da esposa de um Babalawo é apontada por Ifá quando ela nasce), existe vários Odus que indicam essa relação, assim como também existe uma identificação bem clara nos versos de Ifá sobre quem deve se tornar um Iniciado e quem deve se tornar um Babalawo, ver Odu: Ogbe Meji, Oturupon Meji, Irete Meji, Iwori Meji etc.

No Odu Oworin Sindin, aparecem algumas indicações sobre a necessidade do homem cumprir o seu destino, assim como no Odu ogbe Ogunda, fala do cuidado com o Ori e a relação do homem com o destino por ele escolhido, tendo como testemunho Orunmila, isso nos remeti a uma reflexão encontrada no Odu Ogbe Meji (nem um homem deve se comprometer com um Orisa antes de conhecer o seu destino) essa afirmação indica claramente que o homem deve conhecer a indicação de Ifá para ter uma orientação sobre a sua vida religiosa, não é o homem que escolhe o Orisa é Ifá quem indica os Orisa que devem ser cultuados.

No Odu Obara Kosun, fala da punição violenta caso o iniciado não respeite o seu sacerdote e vice versa, o respeito deve ser mantido a qualquer custo assim como a segurança da egbe (família) o sacerdote deve usar todos os recursos que possui para proteger a sua família, dele será cobrado à omissão.

Ainda no Odu Obara Kosun, Ifá alerta sobre o uso do Opele, quem pode usar e sobre a remuneração, aquele que não usar o Opele com dignidade jamais vai ver o sucesso, nesse verso ifá deixa claro que um sacerdote não pode mentir e usar um instrumento de consulta em seu beneficio, jamais será aceito qualquer tipo de mentira usando o nome de Ifá.

O Odu Ogbe Alara, fala de Iwa (caráter) a indicação é clara nesse odu, a necessidade de manter uma postura reta, faz parte do dia a dia do iniciado, temos a obrigação diante dos Orisas, de manter um comportamento que honre toda nossa família e nossos antepassados, independente de nossa idade, a juventude não é desculpa para o erro a pouca idade, é característica que indica a inocência e não a má conduta, fica bem clara no verso do Odu Ofun Ose, que diz (é preferível um sacerdote jovem e honesto que um velho sem caráter).

Nos versos de Ifá vamos encontrar inúmeras recomendações de comportamento, inclusive referente à higiene, no Odu Ose Odi, consta uma relação bem clara sobre a necessidade de se manter limpo e com o corpo asseado, ainda nesse Odu diz Ifá (o homem tem responsabilidade com seus filhos até que possam se manter, encontrar uma ocupação e ter sua renda, é responsabilidade dos pais manter os filhos menores).

O Odu Obara Kosun, em seus textos indica que a pessoa que foi iniciada no culto aos Orisas ou no culto a Ifá deve fazer oferendas às divindades e manter os seus assentamentos em ordem, limpos o Ose (limpeza semanal) é responsabilidade do iniciado e não do sacerdote.

Ainda falando do comportamento de um Babalawo, diz Ifá no verso do Odu Ofun Gbadara, as coisas de Ifá não devem ser comercializadas por um Babalawo, (um Babalawo não deve ser um comerciante), nesse mesmo Odu diz (aquele que lhe prestou um favor, lhe deu uma ajuda deve ser recompensado) todo trabalho espiritual tem que ser remunerado, se não for assim como o sacerdote vai poder manter os seus assentamentos e continuar atendendo as necessidades dos que o procuram.

O Odu Ofun Nagbe, fala da prosperidade do Sacerdote fala que aquele que trabalha corretamente terá uma vida tranquila, assim como aquele que possui Ikin nunca lhe faltara o alimento (Odu Idin Ka).

Um verso do Odu Ogunda Ogbe, orienta sobre o dia do Ose semanal, um dia da semana devem ser reservados para cuidar dos orisas, nesse dia os assentamentos dos Orisas devem ser limpos, já no Odu Okanran Obara a orientação é sobre o assentamento de Egungun, diz Ifá (aquele para quem aparece esse Odu deve manter viva a imagem de seus antepassados, essa pessoa deve ser iniciada no culto a Egungun e deve honrar todos de sua família, com um assentamento que deve ser mantido sempre limpo e bem cuidado, é obrigação dessa pessoa escolher um sucessor que ira manter esse assentamento para que esse culto não deixe de existir.

No Odu Iwori Meji, fala sobre fazer magias para quem não tem como se defender, sobre o uso do conhecimento de um sacerdote contra quem não merece tal atitude, diz Ifá (aquele que ataca um inocente a maldade e a destruição voltariam para prejudica-lo).

No Odu Osa Meji, está bem claro que não devemos julgar o nosso semelhante, só Ifá pode saber o futuro de cada pessoa diz Ifá: (um Ori coroado não pode ser reconhecido por um ser humano, só Ifá identifica o Ori que será beneficiado), não devemos menosprezar ninguém.

O Odu Oturupon Ofun, fala sobre o suicídio, não é permitido a ninguém essa pratica só Ifá sabe e pode mudar o dia da morte, ainda nesse Odu diz Ifá: à longevidade não é encantamento, devemos nos afastar de tudo que possa diminuir o tempo de nossa vida, devemos fazer tudo para alcançar a longevidade.

No Odu Ogbeyonu, Ifá é bem claro não devemos ser arrogantes dentro da relação afetiva, devemos buscar o companheirismo como forma de melhorar os relacionamentos.

Em Ika Ogunda, ifá fala sobre a necessidade de orar para obter sorte e prosperidade, o homem deve manter suas orações, como forma de disciplina e humildade, nesse Odu assim como no Odu Ogbe Ogunda, diz: o horário de fazer as orações preferencialmente pela manhã logo que acordamos.

O Odu Osetura, diz não devemos nos exibir, devemos manter uma vida regrada e sem exageros, um homem não deve discriminar uma mulher e uma mulher não discriminar um homem, um velho jamais deve ser discriminado por jovem da mesma forma que um jovem não deve ser discriminado por um mais velho, o respeito deve existir indiferente da idade ou sexo.
No Odu Otura Irete, Ifá diz: (a bondade deve ser cultivada como forma de gratidão) a bondade deve ser praticada, não devemos ser ingratos, só Ifá sabe se não vamos necessitar em um futuro da ajuda de quem nos beneficiou no passado, não devemos desfazer de quem um dia nos ajudou.

O Odu Otura Ofun, deixa bem claro a necessidade de manter os ebós indicados por Ifá, se uma pessoa consulta, toma conhecimento do problema e não fazer os ebós indicados a responsabilidade deixa de ser do sacerdote.

No Odu Òtúrúpon`Otúa, fala sobre a necessidade do sacerdote estudar e ter conhecimento para honrar seus antepassados com sua capacidade, diz Ifá: é responsabilidade do iniciado, assim como do sacerdote o aprendizado, a capacitação daquele que abre as portas para o atendimento é uma responsabilidade assumida diante de Ifá, todo ato praticado dentro da casa de Orisa tem que seguir a orientação dos versos de Ifá; no Odu Iwori Otura, fala sobre a disciplina dos estudos e a educação do iniciado em Ifá deixando bem claro que devemos nos dedicar para obter uma educação adequada. O Odu Irete Ofun, fala do estado de perfeição e o alinhamento com Olodumare se não somos perfeitos devemos buscar a melhor forma de se assemelhar com a perfeição.

O Odu Iwori Ofun, fala do respeito que temos que manter por todas as pessoas, se queremos ser respeitados, devemos respeitar todas as pessoas sempre, a vida é um benefício recebido das mãos de Olodumare cabe a nós tornar digno o viver.



domingo, 15 de julho de 2012

Ifá está sendo bem representado!


Ifá está sendo bem representado!
Texto: Babalawo Ifagbaiyin Agboola

Depois de ter nos presenteado com sua obra: Ifá Deus Sagrado Mensageiro da Humanidade, o
Chefe Awódiran Agboolà Lança mais um belo trabalho contribuindo para a divulgação do culto de Ifá.

No primeiro livro ele escreveu:

Eu presto homenagem ao meu pai, Chefe Àkànó Fásínà Agboolà de Lagos que fez a passagem em 14 de setembro de 1991.

 Eu não estou sendo sentimental, quando digo que ele era  o mais inteligente, disciplinado, e insubstituível pai neste mundo.

 Sem ele eu nunca teria nascido.

 Eu prestarei homenagem fazendo referência ao Odu Ogbèalárà, o Odu que meu pai nasceu durante a sua iniciação no culto de Ifá:
No canto da casa olhando discreto,
Fez divinação para Ogbè o pai de Òtúà,
Eu estou procurando o dinheiro que ainda não tenho
Ìrànran possibilite que meu pai me ajude a encontra-lo, ìrànràn.
Eu estou procurando uma boa esposa, mas ainda não encontrei.
Ìrànràn , possibilite que meu pai me ajude a encontra-lo  ,  ìrànràn.
Eu estou procurando bons filhos, mas não consigo encontra-los.
Ìrànràn faça com que seja o destino do meu pai me ajudar a tê-los, Ìrànràn.
Estou procurando fazer uma boa casa, mas não consigo erguê-la,
ÌrànrÀn faça com que seja o destino do meu pai ergue-la, Ìrànràn.
Eu preciso de numerosas bênçãos, mas ainda não tenho,
Ìrànràn faça com que seja o destino do meu pai me ajudar a tê-las, Ìrànràn.
Assim como quando Ogbè gerou Òtúà
Ele lhe deu discípulos
E várias bênçãos

Homenagem especial a minha mãe a  Sra. Mojísólá Ol´sindé Agboolà, minha amada mãe também merece homenagens. Se ela não tivesse ouvido seu pai Chefe Abéeréfá Ògunjobí para casar com seu aprendiz babaláwo Akano Fásinà Agboolà eu nunca teria nascido para cumprir minha missão espiritual.

 Também foi prestada a ela no terceiro dia uma divinação. Na cultura Ioruba, para uma criança nascer ela será trazido por Ifá por divinação no terceiro dia.

 O Odu que aparece é ìretekàà.

Esse Odú fala que essa menina se casara com um adivinhador.
Chefe Àkànó Fásínà Agboolà                                                                                          

 Depois de uma investigação, Ifà escolheu o jovem Babaàwo Àkànó Fásinà Agboolà.

O pai da criança, Abéeréfá Ògunjobí escutou as palavras de Olódùmarè que previu que sua filha se casaria com um de seus seguidores, o resultado desta união é este seu humilde servo, o único filho a sair desta criança (òkánláwòn) cujo nome dado como Awódiran significa que este Ifá é hereditário.

 Este Odú Ìretekàà que chamou minha mãe de Olásindé (O Surgimento da honra) e ele diz isso:
O pato não flerta
A tumba de uma mulher estéril geralmente é coberta de lixo
Promiscuidade em sua vida causa desunião em sua família
Fez divinação para Oláa-wón-nù-lo (sua honra esta perdida)
A criança virá na hora exata
E a honra perdida será ressuscitada
O surgimento da honra (Olásindé) é um nome apropriado para chamar uma criança de Ìretekàà.

Não deixe de ler os trabalhos desse homem que dedica sua vida a ifá e a sua divulgação.
            Araba  Awódiran Agboolá                                                                                                                                                  

Baba Awódiran Agboolá,é o atual Araba da cidade de Lagos, Nigéria, e também é membro, do supremo conselho de ifá em Ilê ifé.

Constituindo assim a pessoa dele como uma das maiores autoridades sobre Ifá no mundo, esse homem é um orgulho para toda nossa família e em especial para mim por se tratar do irmão do meu Oluwo Oyeniyi Awolola Agboolá.

Os Mistérios de Ifá na terra, iba Araba Awodiran Agboola.

Não deixe ler o livro do Araba Awodiran Agboola, esse trabalho é fruto da dedicação desse grande homem que pertence a uma linhagem de grandes sacerdotes de Ifá.

Como todos podem ver nos textos do seu primeiro livro, o Araba nos brinda com seu conhecimento escrevendo de forma simples e de fácil leitura, com grande conhecimento e habilidade ele escreve sobre Ifá tornando a leitura leve e instrutiva.
Araba  Awódiran Agboolá, Bàbàláwo Ifágbaíyin Agboolà,Lagos Nigéria                                                                                                  
É com grande prazer que homenageio esse grande sacerdote e escritor divulgando a palavra de ifá, penso contribuir com essa indicação,para o aprendizado daqueles que assim como eu tem interesse na Religião Tradicional Yoruba.

Araba Awodiran Agboola, hoje está entre os melhores autores sobre a religião tradicional yoruba, Wande Abimbola,Ayo Salami,Willian Bascon,Epega,Solagbe Popoola.

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Iniciação em Ifá e suas vantagens, quem deve ser iniciado.

Iniciação em Ifá e suas vantagens, quem deve ser iniciado.

Durante o período que estive na Nigéria, um fato em especial me chamou a atenção, o número de pessoas pertencentes a outras religiões que é iniciado em Ifá é muito grande.

Na cidade de Lagos conheci várias pessoas iniciadas em Ifá que não pertencem a nossa religião, pensando sobre essa situação em especial, resolvi escrever sobre as vantagens de ser iniciado em Ifá.

Que benefício eu posso ter sendo iniciado em Ifá?Essa pergunta eu já ouvi inúmeras vezes.

Eu costumo dizer que sair para uma viagem sem ter conhecimento da estrada, sem ter um mapa é complicado, as chances de você se perder, pegar o caminho errado, é muito grande.


Quando uma pessoa é iniciada, eu costumo comparar ao fato de você receber o mapa da estrada antes de partir em uma viagem, isso vai certamente facilitar bastante o seu deslocamento.


Qualquer pessoa, em qualquer momento de suas vidas pode ser iniciada em Ifá, independente de sua religião, a pessoa tem inúmeras vantagens em ser iniciada, mas a mais importante é o autoconhecimento.
Vou tentar responder em um breve texto as curiosidades que normalmente as pessoas têm em ralação a iniciação, ou em relação ao Isefá.


Você quando é iniciado por um Babalawo em Ifá você não perde a ligação com o seu Babalorisa se você for iniciado em Orisa, o culto a Ifá pode acontecer paralelamente ao culto a Orisa.


Durante a iniciação a pessoa recebe muitas informações sobre o seu destino, o caminho que deve seguir fica mais claro; vou citar aqui uma parte de um texto que faz parte do nosso blog pertencente ao Babalawo Ifamileke Agboola, quando ele explica sobre o odu,ele descreve (transitório e não permanente). Em suma uma Harmonização entre o ser humano e o seu atual destino que será cultuado, para uma vida nova dentro do culto e fora.


 Respeitando os ewos (proibições) de seu Odú Ifá, e as normas de conduta no seu cotidiano espiritual e material, para a sua total harmonia, entre o profano e o sagrado.

Uma pessoa quando é iniciada em Ifá passa por alguns rituais, dependendo da orientação o isefá pode levar de um a três dias em média pode ou não exigir entre os rituais um bori e muitas vezes pode indicar o oferecimento de um agrado aos antepassados ou a um orisa determinado, na maioria das vezes a pessoa não necessita ficar recolhida, é claro que de uma pessoa para outra pode haver grandes mudanças nos rituais.


Na verdade cada pessoa tem um destino, e naquele momento a orientação de Ifá não segue uma regra ou receita milagrosa, para cada pessoa os rituais podem exigir uma sequencia completamente distinta da outra, mas o objetivo final é alinhar a pessoa com o seu destino, passar para ela a Orientação de ifá trazendo à luz a vida do inciado.


Uma pessoa deveria ser iniciada em Ifá antes de ser iniciada em Orisa, normalmente em território Yoruba é isso que acontece, o fato de uma pessoa ser iniciada em um Orisa que não é um daqueles  indicado no seu odu pode trazer problemas, criando uma situação em alguns casos, de prejuízos, financeiros, afetivos, emocionais e até mentais.


O não alinhamento com o seu odu, e o distanciamento dos Orisas que deveriam ser cultuados, pode ser bastante prejudicial; e  a questão  pode ser mais abrangente criando situações bastante complicadas para o individuo, na realidade, a grande maioria das pessoas desconhece que está cultuando os Orisa errado, e não sabe a dimensão do que isso representa em sua vida.


 Isso implica em um comportamento onde a pessoa nesse momento pode estar sendo totalmente indiferente a os Orisas que fazem parte do seu destino.

Imagine o seguinte exemplo, um filho de Ogun, trabalhando em um trabalho burocrático passando o dia todo sentado fazendo calculose e atendendo telefone, esse tipo de situação caracteriza ou um erro de feitura ou na pior hipótese  o Orisa está errado ou  a orientação do sacerdote na escolha do trabalho do iniciado foi equivocada; isso descrevendo um exemplo genérico sem um exame prévio da questão.


Podemos citar outro exemplo, o daquele filho de Obatala que é selecionado como um atleta de ponta, competitivo e dedicado exaustivamente  a os  treinamentos, implicando em um desgaste de energia constante; é claro que qualquer pessoa que entenda de Orisa, sabe que isso é impossível.


Essas situações no mínimo hilárias deixam de existir, quando  a pessoa é iniciada e conhece o seu odu, tudo fica mais fácil, esse tipo de erro bastante comum pode abreviar a vida da pessoa e em um minuto a sua vida pode ser perder, o não alinhamento com o destino implica na baixa estima e na baixa da imunidade podendo criar sérios  problemas de saúde.


Sair de viagem sem conhecer a estrada,  sem ter um mapa é uma grande temeridade, ser iniciado em ifá torna a sua vida muito mais fácil, você cometendo menos erros, e se dedicando de forma correta ao seu orisa, as chances de você cumprir o seu destino com êxito  aumentam consideravelmente.


Se for o fato de você descobrir que foi feito para o Orisa errado, isso não implica em uma nova feitura,  na verdade você vai ter mais informações sobre o seu verdadeiro Orisa possibilitando uma dedicação paralela ao Orisa anteriormente cultuado e o Orisa indicado por Ifá em um patamar de igualdade, visando assim corrigir o erro cometido, que  na maioria das vezes você desconhecia.

Em um ritual teoricamente simples com um assentamento do seu Ifá, o homem pode mudar a sua história.
Em um igba com um número mínimo de dezoito ikins pode estar à resposta as perguntas de toda sua vida!


sexta-feira, 6 de julho de 2012

Afinal qual é a sua religião?


Afinal qual é a sua religião?

 ÀDALU (mistura).

Texto: Babalawo Ifagbaiyin Agboola

Uma vez me perguntaram o porquê de não acender velas na religião tradicional, respondi, eu não acendo velas porque em nossa religião não existe esse hábito, não existi velas nos rituais para os Orisas em território Yoruba.

Eu não vou à missa e não comungo porque não sou católico, não tenho nada contra os católicos, mas me incomodo muito com as pessoas que cultuam Orisa de forma católica, só falta fazer o sinal da cruz antes de oferecer uma comida a Ogun.

Não acredito em me distanciar dos espíritos de minha família, rezando para evolução deles, porque não sou Espirita, cada religião tem a sua identidade, eu quero Egungun sempre bem próximo de mim.

 Buscar na fonte a informação, ao contrario do improviso criativo, estabanado e de mau gosto, nos coloca em alinhamento com nossos orisas e com nossos antepassados.

Você já viu um padre dar comida a Osun às margens de um rio ou um kardecista colocando um adimu para os orisas.

 Se isso não acontece, porque o inverso é comum?

  Inúmeros Babalorisas confundem tudo, de tal forma que só falta chamar um padre na hora de dos rituais fúnebres, de um iniciado em Orisá.

 Imagine o sujeito que adorou os Orisas, durante toda sua vida, quando ele morre, quem faz o ritual é um sacerdote de outra religião, totalmente indiferente à fé do falecido, isso é inaceitável.

 A crença daquele que deveria ser naquele momento reverenciado, termina sendo ofendida, e tal circunstancia provoca todo tipo de constrangimentos, tanto para o sacerdote chamado naquele momento como para as pessoas da família do falecido.

Se formos pegar os casamentos como exemplo, o noivo e a noiva vestidos com roupas de rituais estranhos a sua crença, em um momento de suma importância, recebem a benção de uma pessoa que muitas vezes despreza a fé daqueles gostariam de estar ouvindo o som dos atabaques, e as cantigas de Osun, que muitas vezes são substituídas por algumas palavras sem sentido ou se termine rezando um Pai Nosso e uma Ave Maria.

Pobre daqueles então, que já nascem sem que o sacerdote de suas famílias, tenham condições de oficializar um simples batizado, imagine que durante toda a gravidez, a mãe pediu para Osun, que seu filho nascesse saudável; agora quem oficializa o batismo, não permite se quer ser que seja mencionado o nome de um orisa, isso é muito comum, mas não deveria acontecer.

Imagina então, outra situação, que ofende nossos antepassados, prejudica e muito o futuro dos nossos descendentes.

Muitas vezes alguns Orisás são apresentados em festas publicas, com roupas caríssimas reproduzidas em modelos que pertencem ao período colonial português, confeccionadas em tecidos denominados em Francês e complementadas por capacetes dignos de uns centuriões romanos, coisas de causar ciúme a qualquer carnavalesco.

O hábito cada vez mais frequente da ostentação e do desfile de modas, já faz parte do nosso dia a dia, mas, se uma roupa tradicional Yoruba no esta do de São Paulo pode ser comprada por menos de cem reais, porque o uso então de tais indumentárias?  

Seria vaidade, loucura ou marketing?

 Pergunto isso, pois em alguns sites religiosos, os Babalorisas começaram divulgar fotos de suas casas e de seus carros como se isso tivesse algum significado religioso.

O sujeito que coloca a foto do seu carro importado em um espaço dedicado para falar de orisa, na verdade está querendo demonstrar poder aquisitivo, isso não representa asé, e sim autoafirmação.


Essa situação deve causar tristeza, provocando em nossos antepassados, indignação e angustia; como podemos honrar nossos antecessores, se nos permitimos influenciar por culturas antagônicas a nossa crença.

Se o estado é laico e a lei nos beneficia, porque muitos ainda permanecem escravos?

Essa é uma situação que não é nova, há quase três décadas, uma das maiores Yalorisas do Brasil (Dona Stella de Osossi, do Ilê Opô Afonjá), já mencionava tal situação.

 Não me surpreenderei se encontrar pessoas oferecendo chester com champignon para Obatalá.

quarta-feira, 4 de julho de 2012

Ìwàpèlè: O conceito de bom caráter



 "PROJETAR BRASÍLIA PARA OS POLÍTICOS QUE VOCÊS COLOCARAM LÁ, FOI COMO CRIAR UM LINDO VASO DE FLORES PARA VOCÊS USAREM COMO PINICO. BRASÍLIA NUNCA DEVERIA TER SIDO PROJETADA EM FORMA DE AVIÃO E SIM DE CAMBURÃO."

 Babalawo Ifagbaiyin Agboola

Depois de ler essa frase de Oscar Niemeyer decidi dar continuidade ao tema da nossa ultima postagem:

Ìwàpèlè: O conceito de bom caráter

Os humanos necessitam oferecer sacrifício às duas forças para sobreviver.
O homem necessita oferecer sacrifício às forças benéficas para continuar gozando de seu apoio a bênção. Necessita também oferecer sacrifício aos ajoguns e às àjé com o objetivo de não encontrar sua oposição quando estiver prestes a realizar algum projeto importante.

Todo indivíduo deve empenhar-se para ter Ìwàpèlè, com o objetivo ser capaz de ter uma boa vida num sistema dominado por muitos poderes sobrenaturais e em sociedade controlada pela hierarquia nas autoridades. O homem que possui ìwàpele não colidirá com nenhum dos poderes, sejam humanos ou sobrenaturais e, desta forma, pode viver em completa harmonia com as forcas que governam tal universo.

Wande Abimbola
Tradução:
Rodrigo Ifáyodé Sinoti


Ogbe Lara.
Òrúnmìlà enquanto ele estava vindo para o mundo. Ele [Ifá] disse que Òrúnmìlà nunca
cairia em desgraça. Um peixe deveria ser sacrificado.
Òrúnmìlà ouviu e realizou o sacrifício.

Então, desde a criação do mundo até os dias atuais, Òrúnmìlà nunca caiu em desgraça.
Ele foi quem primeiro nele [mundo] pisou. Ele treinou os sacerdotes de Ifá e situou os
odù em suas respectivas posições.

 Apesar de todas essas coisas, ele nunca
negligenciaria os sacrifícios prescritos para ele, porque ele demonstrou aos seres.
humanos que "não pode haver paz sem sacrifício".

 Esta claramente expresso em várias lições em Ifá que “os seres humanos não vivem em paz sem oferecer sacrifícios”.

Além do mais, pequenos sacrifícios previnem a morte prematura.
 Qualquer pessoa que deseja ter boa sorte sempre oferecerá sacrifícios.
 Qualquer um que cultiva o hábito de fazer o bem, especialmente ao pobre deve fazer sacrifício.

Afolabi Epega,John Neimark
Tradução para o português: Òsunléke


Observando esses dois belos textos concluímos em uma olhada superficial que o simples fato de fazer os ebós e manter os princípios éticos e morais, seria o bastante para nos livrar de todos os males.
Na verdade tudo isso depende de conjunto mais complexo, depende também do Ori ( destino) que eu escolhi antes de vir a terra.

Não podemos assim dizer que se eu me comportar bem, ter um bom comportamento e fazer os sacrifícios  isso vai mudar a minha situação, eu posso estar buscando algo que não faz parte do meu destino.

 É bom lembrar que uma parte do destino pode ser mudada pelas nossas ações, podemos transformar uma grande parte dele, isso é certo, mas tem uma pequena parte que não pode ser mudada jamais.


ENTÃO O IDEAL É NA VERDADE, É NÃO DEIXAR DE FAZER OS EBÓS, APAZIGUAR OS AJOGUNS, FORÇAS NEGATIVAS, E AGRADAR AS FORÇAS POSITIVAS, ORI, ORISAS E ANTEPASSADOS, MAS TAMBÉM TER UM COMPORTAMENTO DIGNO, ÌWÁ PÈLÉ (O BOM CARÁTER), SEM ESQUCER QUE TEM COISAS QUE NÃO PODEM SER MODIFICADAS EM NOSSO DESTINO JAMAIS; EXISTE UM GRUPO DE PESSOAS QUE PENSA QUE TUDO PODE SER MUDADO COM EBÓ, A REALIDADE É BEM DIFERENTE.







terça-feira, 26 de junho de 2012

O homem é responsável por seus atos e alimenta o seu dia a dia com suas atitudes.



Texto: Babalawo Ifagbaiyin Agboola

Você conhece aquela pessoa que fala mal de todo mundo?
 Bem ele certamente vai falar mal de você também, no meu caso prefiro manter distancia desse tipo de gente, parece simplista, mas é objetivo, com esse comportamento evito inúmeros problemas.

 Procuro estudar bastante Ifá e sei a respeito da força da palavra, isso está contido nos versos do Odu Osetura, o homem deveria medir cada palavra que é pronunciada, ele desconhece a força da verbalização.

A vida moderna e a procura desesperada por uma posição social melhor, fez do homem uma fera que luta sem medir esforços para atingir seus objetivos.



Ultrajante, desmedido e temeroso é o comportamento daquele que para ganhar espaço tenta fazer seu nome roubando o espaço do outro.

Nas grandes empresas isso é parte do dia a dia, mas na religião, essa aberração, deve ser repelida de todas as formas, tal comportamento vindo de um sacerdote, é inaceitável.

Outro dia em um contato nas redes sociais, me foi proposto por uma senhora que eu a atendesse sem que um amigo meu que é seu sacerdote soubesse, imagine o dialogo, tal senhora me disse que dinheiro não tem marca, que se eu não a atendesse outro a atenderia.

Disse a ela, para a minha formação tal hipótese estava descartada, ela tentou argumentar que ele (seu sacerdote) se mudou para longe e que certamente não ficaria sabendo, respondi a ela que eu estava sabendo, que os Orisas sabiam, a resposta dela foi que talvez eu tivesse medo dele, depois, ela me perguntou se eu não gostava de dinheiro, resolvi dar por encerrada a conversa.


 Para algumas pessoas esse comportamento de respeitar o outro é antiquado, eu prefiro definir tal comportamento como adequado, e não antiquado, o homem é responsável por seus atos e alimenta o seu dia a dia com suas atitudes.

Para algumas pessoas a palavra respeito não existe, esquecem elas que o Orisa tudo sabe e tudo vê, que jamais um sacerdote deve desrespeitar o outro, mesmo que a sua formação seja diferente, todos devem ser respeitados, todos merecem consideração; o comportamento ético e humano exige de nós uma postura digna.

Você já viu um padre falando mal de outro padre, isso você não vai ver, é uma questão comportamental, faz parte de uma formação acadêmica, social, mas sobre tudo humana, a convivência em sociedade nos exige buscar formas continuas de polimento e enriquecimento cultural para que possamos desenvolver a nossa função com dignidade, respeito e ética.

Tudo aquilo que não queremos para nós não devemos desejar para outrem.

Lembro-me de um dialogo que mantive na casa do meu Oluwo no dia que o conheci, estava lá uma senhora Umbandista que se atendia com ele há bastante tempo, e quando ela saiu eu perguntei a meu Oluwo, qual era a sua opinião a respeito dela pertencer à outra religião, a resposta foi a seguinte em suas palavras em um português meio atrapalhado (os espirito que ela cultua são muito bons, ele a trouxe aqui no lugar certo, para Ifá tratar o seu problema, que ele naquele momento não conseguiam resolver, toda a religião, bom, devemos respeitar, religião de brasileiro, bom).

Fui alertado por minha filha que um sacerdote de São Paulo copiou o meu blog na integra e assinou cada postagem como se fosse dele, fico me perguntando que tipo de criação esse moço deve ter recebido.




O homem está seguindo por um caminho bastante tortuoso, quando a educação não é recebida em casa, a vida se encarrega de educar o individuo, e isso às vezes é bem dolorido.

Qualquer dia desses a população carcerária de nosso país vai atingir níveis insuportáveis para a nossa sociedade, seria muito mais fácil investir em escolas e na melhora do ensino que construir novos presídios.

A falta de formação somada à falta de educação gera a besta que nada respeita e nada teme; o fim desse tipo de gente que faz da sua vontade, a lei, é sempre igual.

 Quando nos ajoelhamos aos pés de Olodumare, Àjàlá (escolhemos o nosso Ori), o nosso destino, sabemos que uma parte dele pode ser mudada (ÀKÚNLÈYÀN, livre arbítrio); com boa vontade podemos melhorar nossa qualidade de vida temos que ter iniciativa, podemos melhorar nossa educação e a nossa formação pode ser aperfeiçoada.

 O homem veio a terra para evoluir, isso depende muito de suas atitudes e de seu comportamento, para atingir esse objetivo, contamos com a orientação de Ifá.

 Eleri Ipin, a testemunha na hora da escolha do nosso destino. ele é o único que pode nos mostrar o caminho certo a ser seguido.


 Esse é a função de Orunmila, determinada por Olodumare (Deus), acompanhar o desenvolvimento humano, ele é o único que pode nos mostrar o caminho certo a ser seguido.
A composição do Orí àpéré, destino escolhido por nós, sob a ótica da Religião Tradicional Yoruba e suas consequências:
 A falta de evolução pessoal e o não cumprimento do seu destino certamente impede que o individuo venha ser cultuado como antepassado após sua morte, isso se torna evidente, pois quem gostaria de homenagear um espirito, que não buscou sua evolução, um espirito que não contribui em nada durante a sua vida na terra.

AKUNLEYAN é a parte do destino que cada um escolhe por vontade própria, livre arbítrio.

AKUNLEGBA é a parte do destino o qual está adicionada como complemento de AKUNLEYAN.

AYANMO é aquela parte do destino que nunca pode ser mudado.
 Por exemplo: Pais, sexo etc...

 Ìwà Rere quer dizer, bom caráter, um dos principais requisitos para se tornar digno de ser cultuado por seus descendentes após sua morte.

Apari-Inu representa o caráter à natureza humana, Ori Apere representa o destino.
Um indivíduo pode vir para a terra com um bom destino, mas se ele vem com mau caráter, à probabilidade de cumprimento, do seu destino é comprometida.

Isso é o que popularmente se chama de pobre de espirito, a sabedoria popular é fantástica também existe uma frase que diz, o castigo deve ser adequado ao caráter do culpado.

Iwà nikàn l'ó sòroo!

 Caráter é tudo do que se precisa!

segunda-feira, 11 de junho de 2012

IFÁ, UNESCO-ONU


  Babalawo Ifagbaiyin Agboola


O Òpelè-Ifá  é um colar aberto composto de um fio trançado de palha-da-costa ou fio de
algodão, que tem pendentes oito metades de fava de opele, é um instrumento divinatório dos tradicionais sacerdotes de Ifá.
Existem outros modelos mais modernos de Opele-Ifá, feitos com correntes de metal .
O jogo de Opele-Ifá é o mais praticado por ser a forma mais rápida, pois a pessoa não necessita perguntar em voz alta, o que permite o resguardo de sua privacidade, também de uso exclusivo dos Babalawos, com um único lançamento do rosário divinatório aparecem 2 figuras que possuem um lado côncavo e outro convexo, que combinadas, formam o Odú.

Jogo de Ikins

O Jogo de Ikin é utilizado em cerimônias relevantes de forma obrigatória, ou igualmente de modo usual, vai de cada Babalawo o seu uso, sendo uso restrito e exclusivo dos mesmos babalawo. O jogo compõe-se de 16 nozes de um tipo especial de dendezeiro Ikin, são manipuladas pelo babalawo com a finalidade de se configurar o signo do Odú a ser interpretado e transmitido ao consulente. São colocados na palma da mão esquerda, e com a mão direita rapidamente o babalawo tenta retirá-los de uma vez com um tapa na mão oposta, no intuito de se obter um número par ou ímpar de ikins em sua mão. Caso não sobre nenhum ikin na mão esquerda, a jogada é nula e deve ser repetida. Ao restar um número par ou ímpar de ikins em sua mão, se fará dois ou um traço da composição do signo do odu que será revelado polo sistema oracular. A determinação do Odú é a quantidade de Ikin que sobrou na mão esquerda. O mesmo será transcrito para o Opon Ifá sobre o pó do Iyerossún que deve ser riscado sobre o Iyerossún que está espalhado no Opon-Ifa, para um risco usa o dedo médio da mão direita e para dois riscos usa dois dedos o anular e o médio da mão direita. Deverá repetir a operação quantas vezes forem necessárias até obter duas colunas paralelas riscadas da direita para a esquerda com quatro sinais, formando assim a configuração do signo de Odu.

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

domingo, 3 de junho de 2012

Odu do ano 2012 Ogbe yonu

 Babalawo Ifagbaiyin Agboola

Nesse sábado em Oke itase, templo de Ifá em Ile Ifé ( Nigéria) foi anunciado pelo Araba Agbaye o odu do ano Ogbe yonu.O ano para os Yorubas começou no dia 02 de junho e vai até 02 de junho de 2013

Aquele que persegue em seu sono é o que Ifá conhecido por ser o dardo e a lança usada para caçar no rio Oya.
Onde eles estavam limpando o campo de riqueza para Ògún.
Eles abriram o caminho para uma mulher para IJA.
 Eles abriram o caminho para uma criança para Òsóòsì.
Ele abriu o caminho para o céu (morte) para Orunmila e Orunmila disse que era essa prática o giz nativo ou giz nunca está com pressa de morrer.
 Continue pendurado na corda da vida fortemente.
 A madeira nunca está com presa para ir para o céu.
Continue pendurado na corda da vida fortemente.
 A crista carnuda nunca desaparece da cabeça de um galo.
 Continue pendurado na corda da vida fortemente.
 Ape autorizou minha longa estada em solo firme.
 Continue pendurado na corda da vida fortemente.
 Está autorizada na minha vida firmemente sobrevivência.
 Continue pendurado na corda da vida fortemente.
Ibo havia autorizado minha vida na minha idade na vida fortemente;
 Continue pendurado na corda da vida fortemente.
 Permitir que os sons gongo de metal parecessem alto.
 Ela não pode deixá-los perder a minha voz para sempre.
 Deixe seu som gongo de metal parecer alto.

Orisas cultuados nesse odu:
1.         Ifá 
2.         Esu 
3.         Egbe 
4.         Orí 
5.         Obatala 
6.         Ogun 

OBS: As pessoas devem cuidar especialmente de Orí durante esse ano. A palavra certa esse ano é trabalho, trabalhar o dobro para ganhar o mesmo, um ano de muita luta, de muito trabalho, de muitas disputas, e conflitos.
 Um ano que favorece em especial as mulheres com dificuldade para engravidar, haverá muitos nascimentos.

As pessoas não devem retribuir os ataques recebidos, devemos evitar os confrontos, se você retribuir vai comprometer mais que imagina.
Os casais devem evitar as brigas, as  disputas dentro de casa, ou até mesmo no trabalho devem ser evitadas.
Um ano para ter cuidados especiais com as crianças.

Ire,o



segunda-feira, 21 de maio de 2012

Sango Kámu ká


 Sango Kámu ká

 Homenagem, ao grande Babalorisá, Waldemar Antônio dos Santos de Sango.

Texto: Babalawo Ifagbaiyin Agboola

Waldemar foi iniciado, por um sacerdote africano, conhecido pelo nome de Kun Lulu (Aquele que incendeia, queima totalmente) nome esse que o caracterizava como filho de Sango, sobre Kun Lulu(Gululu), pouco se tem informações, sabendo se apenas que veio trazido como escravo do porto de Cabinda.

Erradamente tido como de origem Banto, Kun Lulu (Gululu), era Yorubano, fato esse que nos foi relatado por um dos mais antigos filhos do falecido Waldemar, Osvaldo de Soponnan,(essas informações podem ser comprovado por sua esposa, dona Eulália).

A confusão, com a origem de Kun Lulu, acontece porque, enquanto a carga de escravos, não estava completa, parte da carga já capturada em território yoruba, permanecia no porto de Cabinda, aguardando ser completada, com escravos de outras regiões.

Na época era acrescentada ao nome do escravo, o porto de origem do embarque ao seu nome, então assim, com o passar do tempo, o conhecido sacerdote que nunca cultuou um Inkice passou a ser conhecido como o criador do culto de Inkices Cabinda, no Rio Grande do Sul (tido como Gululu de Cabinda).

Temos informações diretamente da filha (Taia), do conhecido Babalorisá, Manoel Matias (Manezinho de Soponnan), que o mesmo também foi iniciado, em sua infância pelo então Kun Lulu, informação essa, que facilmente pode ser comprovado, por seus descendentes, sua filha Alice, e seu bisneto Antônio.

Qualquer pessoa com um mínimo de informação sabe que não existe culto a Inkice nessa família, pois se ela origina do culto de Sango, sendo assim, Sango é um Orisá e não um Inkice,a origem sem duvida é Yoruba (Nagô).

Nos rituais praticados por essa família as divindades louvadas sem dúvida são Orisás,isso fica bem claro já no inicio dos rituais onde é entoada (orins) cantigas para Elegbara,seguindo o ritual louvando: Ogun,Oya,Sango,Odé,Otim,Oba,Osanyin,Soponnan,Ibeji,Osun,Yemonja,Obatala e Orunmila,Todos Orisas bem conhecidos nas terras yorubas e sem culto na região de Cabinda.

Outro fato que nos causa espanto, é a interpretação feita por alguns historiadores vitimas do desconhecimento e da vivencia religiosa que no auge de suas ousadias, descrevem fatos, nomes e ate copiam fotos justificando a historia.

Passamos aqui a analisar um fato simples, ARÚN, traduzido para o Yoruba,(cinco), ou (quinto), ALÁFIN, traduzido para o Yoruba, titulo dado ao rei de Oyo (dono do palácio).

ARÚN ALÁFIN (obviamente Sango),o quinto rei de Oyo, que ao longo da historia sofreu prejuízos na interpretação do idioma tornando-se a BARUALOFINA, facilmente identificado em suas cantigas ate hoje reproduzidas em seus rituais.

A sua cantiga principal diz que, Olorun (Deus),foi quem corou Sango Kámú Ká (aquele que olha a sua volta, olha por alto, com altivez), olhar de um rei, de um soberano, nessa mesma cantiga segue dizendo, sua majestade (Kabiyési),saudação a um rei.

Esse brilhante sacerdote deu origem a maior família de culto a Orisá do Brasil, assim como a grande polemica que envolve seu nome, graças a Olodumare convivemos com pessoas que nos forneceram dados e depoimentos, tivemos oportunidade na casa do falecido Babalorisá Osvaldo de Soponnan, ver inúmeras fotos e documentos que justifica muito do que aqui esta sendo relatado.

Tivemos o prazer de ver uma foto, de um famoso sacerdote conhecido como Alagbá, contemporâneo de Kún Lulu, amigos íntimos do príncipe Custodio.

Esse sacerdote Alagbá, mudou-se para o Rio de janeiro, nos anos trinta, tornando se muito famoso naquela cidade.

Nessa mesma oportunidade, tivemos acesso a inúmeras fotos do príncipe e de muitos outros conhecidos filhos de Waldemar (como seu Bandeira e o famoso Gavião do taxi, o homem que levou o falecido pai Romário para a religião dos Orisás).

Esses esclarecimentos, fazem parte da merecida homenagem prestada a um dos homens que mais contribuiu para o culto de Orisá na historia do Sul do país.

                                                                                                                                                               ORÍKÌ EGÚN ORÍKÌ EGÚN

Egúngún kiki egúngún

Egún ikú ranran fe awo ku opipi

O da so bo fun le wo

Egún ikú bata bango egún de.

Bi aba f 'atori na le egún se de. Asé.


Louvado seja nome dos meus Antepassados, 
 
 ​​que preservaram os mistérios do voo e das penas.

Você  que cria as palavras de reverência e poder,

para os tambores que anunciam a sua chegada.

Você que espalha seu poder, os antepassados ​​estão aqui.

Falokun Fatunmbi (oriki Book Orunmila)