segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Consultando opele ( awo training)


Método (method): Babalawo Ifagbaiyin Agboola


Há vinte e dois anos atrás conversando com um amigo yorubano (Adileke), desenvolvi um método para gravar as impressões dos odus, baseado em um sistema usando algarismo arábico.

O método Ifagbaiyin, consiste em considerar a figura côncavo do opele como número um e a convexa como número dois, sendo assim a impressão de um odu seria representada por um milhar, usado duas vezes quando o odu é meji, o sistema de uso do opele e das impressões de odu é fundamental para o inicio da manipulação do opele, todo babalawo quando inicia seus estudos dedica muito tempo para gravar essas figuras, esse método visa facilitar a memorização.

 Ogbè méjì           = 1111/ 1111
Òyèkú méjì          = 2222/ 2222
Ìwòrì-méjì            = 2112/2112
Òdí méjì               = 1221/1221
Ìròsùn meji           = 1122/1122
Òwónrín méjì       = 2211/2211
Òbàrà méjì           =1222/1222
Òkànràn méjì       = 2221/2221
Ògúndá méjì        = 1112/1112
Òsá méjì              = 2111/2111
Ìká méjì               = 2122/2122
Òtúrúpòn méjì      = 2212/2212
Òtúrá méjì            = 1211/1211
Ìretè méjì              =1121/1121
Òsé méjì              = 1212/1212
Òfún méjì             = 2121/2121
A didática adequada favorece a memorização e facilita o estudo, todo awo deve ter como base as impressões dos odus tanto na hora da consulta a opele como ikin.




Segue abaixo exemplos:
 Ìrosùn méjì
               
*             *            1              1
*             *            1               1
* *         * *         2               2
* *         * *         2               2

Outros exemplos:

Òsé Òtúrá
1             1
2             2
1             1
2             1
Igual a 1212/ 1211

Ogbè Òbàrà = 1111/1222

Dentro de quinze dias esse método vai ser divulgado inúmeras pessoas e com certeza vai aparecer um grande número de pessoas se dizendo o autor do sistema, o importante não é isso, e sim a divulgação de métodos que facilitem os estudos para os novos iniciados em ifá, os tempo mudaram e a tecnologia esta ai para facilitar os estudos.

Autor: Babalawo Ifagbaiyin Agboola.





sábado, 2 de novembro de 2013

ÒTÚRÁ-WONRÍN


O Onisciente sabe os que malvadamente atiram nos outros.
As pessoas da fazenda conhecem as pessoas da cidade.
Viajantes da terra e do céu, nós veremos um ao outro novamente.
Térmitas não se espalham sem que se reencontrem.
Foi consultado para a humanidade que está lamentando pela morte.
A humanidade está retornando donde ela veio.
Para que lágrimas?
Para que tristeza?
Para que erguer a si mesmo para cima e para baixo?
Para que jejuar?
Ele que nos envia quando vamos é ele que nos chama para voltar.
Quem nos agrada na terra não agrada Edùmarè.
As pessoas na terra sentam na terra e eles fazem mal.
Edùmarè não gosta; Edùmarè não aceita isto.
Bem então, se eu digo vá, você vai
e se eu disser venha, você vem.
Se uma criança não conhece o seu pai, a terra não é certa.
A morte é quem leva uma criança para conhecer o céu.
Quem está pensando em Edùmarè?
Se não havia nenhum Èsù que pensaria no pobre?
Todo mundo está pensando nele; eles estão procurando comida e bebida.
Mistério da escuridão!
Uma criança não conhece o seu pai!
Fale comigo para que eu possa falar com você;
pela nossas vozes nós reconhecemos um ao outro na escuridão.
Se uma criança não conhece o seu pai, a terra não é certa.


Oráculo Sagrado de Ifá - Afolabi A Epega

quinta-feira, 31 de outubro de 2013

CONVERSA COM OLOYE IFAKOYA.


Ontem conversei com o presidente do conselho nacional de ifá, o Oloye Awo Ifakoya Oyekanmi Oyekale ele me autorizou a começar o trabalho do conselho de ética.

Tenho uma ansiedade muito grande em ver esse trabalho sendo desenvolvido, a posse da presidência vai acontecer em meados de novembro, mas a questão do ifá no Brasil esta se tornando muito complicada, e vamos começar a preparação do trabalho  do conselho de ética.

O presidente escreveu que precisamos coibir algumas situações que prejudicam a imagem do ifá em nosso país.

Fui convidado pelo irmão Ifakoya para presidir o conselho de ética, isso me deixou muito feliz, o convite e a demonstração de confiança do meu irmão me faz refletir sobre a responsabilidade que temos com nossos irmãos.

A divulgação de algumas questões é fundamental para a manutenção de uma cultura em alinhamento com a tradição religiosa Yoruba.

Esclarecimentos devem ser  dados para os simpatizantes e iniciados no culto a ifá, devemos satisfações a sociedade e o conselho nacional de Ifá vai assumir uma postura com essa finalidade.

1-Recentemente vi uma serie de fotos no facebook mostrando um passo a passo de como montar um ojúbo de egungun.

a-      A pessoa quando iniciada no culto de egungun como oje ou omo isan, é vendada antes de entrar na sala onde ela jura que não vai divulgar os segredos, o conhecimento deve ser passado para quem cumpre o juramento.

b-      O culto a egungun é secreto e deve ser mantido assim, a divulgação desse tipo de foto ofende os nossos antepassados e vulgariza as cerimonias.

c-       O fato de tais fotos serem divulgadas no facebook responsabiliza diretamente o Oluwo que iniciou a pessoa que postou as fotos, caracterizando uma falta de respeito com as tradições e com os demais iniciados no culto de egungun.

d-      O fato de ainda não estar regularizado o conselho nacional de ifá, não impede que eu demonstre aqui a indignação dos membros do conselho diante desse absurdo.

e-      Essas fotos nos permite imaginar o despreparo e a falta de responsabilidade com o sagrado.

2- Com respeito ao outro episodio onde uma quantidade de fotos foram apresentadas no facebook, mostrando orisás do candomblé vestidos em um ato de apresentação de um babalawo recém- iniciado
.
a-      A falta de conhecimento implica em uma improvisação ridícula que prejudica a imagem do ifá.

b-      A coragem dessas pessoas que criam rituais e inventam regras é desprezada e coibida violentamente por quem respeita as tradições e os antepassados, tais pessoas antes de expor o nome de suas famílias deveriam refletir que estão submetendo ao ridículo, gerações e gerações de antepassados.

c-       O prejuízo se estende a todas as pessoas que cultuam ifá e orisás, a vergonha atingia todos, temos que combater tais atitudes e buscar uma forma de afastar essas pessoas de nosso convívio.

d-      Na religião tradicional yoruba não existe nenhum ritual durante a cerimonia do itefa ou isefa que orisás confirmem a feitura de um babalawo as fotos apresentadas no facebook caracterizam a falta de conhecimento do sacerdote e demonstra que a imaginação do mesmo substitui a capacidade e o preparo para a realização das cerimonias.

Na tentativa de esclarecer os nossos amigos que entraram em contato através de e-mail denunciando essas situações descritas, assumimos aqui uma posição não como vice-presidente do conselho nacional de ifá e presidente do conselho de ética, mas sim de alguém que se indigna diante de tanta loucura e ousadia com o sagrado.

 É responsabilidade de todo awo manter a verdade acima de tudo, um Ogboni não aceita esse tipo de ofensa com a nossa fé, com os nossos orisas e com os nossos antepassados.

Dentro do igbo odu é feito um juramento, devemos honrar o compromisso assumido.
Que Ajagunmale julgue os infratores.
Ogboni ekun.




segunda-feira, 28 de outubro de 2013

What A Wonderful World With David Attenborough -- BBC One [FULL HD]


NOVOS TEMPOS.


Babalawo Ifagbaiyin Agboola.

Hoje é um dia muito especial meu pai esta comemorando 83 anos, sendo que 52 anos de feitura para Obatalá.

No dia da feitura dele eu fui iniciado no culto de orisá, mais precisamente em Obatalá, cultuo de forma especial Obatalá, Soponnan e Osun, assim como Òsáyin.

Quando cheguei à casa do falecido pai Romário de Osaalá em 03/06/1981, trazia comigo esses quatro orisás, e um Bará, conversei com ele e ele me incentivou a abandonar a minha carreira profissional e me dedicar exclusivamente aos orisás, segui os conselhos dele.

No dia 13 de junho deste ano comemoramos 30 anos do Ile Ifá, Obatalá assim como vários orisás estão presentes em nossas vidas, o conselho de meu pai foi acatado e a vida religiosa passou para o primeiro plano, graças à lucidez de meu sacerdote, encontrei meu destino.

Meu pai é de Osalá, meu antigo sacerdote era de Osaalá, minha iyalorisa (Edelzuita) é de Osaala, tenho dois filhos feitos para Osaala e iniciei muitas pessoas para esse orisa, só Osun tem mais iniciações em minha casa, que Obatala foram 70 iniciações, mas Obatala e Soponnan estão muito presentes em meu dia a dia.

É difícil falar dos orisás estabelecendo uma ordem de preferência, cultuo vários orisás com o mesmo carinho, alguns orisás parecem que nos acompanham a tanto tempo, que fazem parte de nós mesmo antes de temos nascido.

Em um período onde esta sendo fornecidos os certificados de formação de babalawos e babalorisas me parece que falar de amor e afinidade com as divindades esta fora de moda.

O dinheiro pode tudo até comprar certificados, com o dinheiro você chega perto do cara pode até ouvir o cara, sentar perto do cara e com muito dinheiro você pode até ser o cara.

No certificado vem à assinatura do cara, o carimbo do cara, e o símbolo do cara, você paga e recebe um documento que só você acredita um documento que a sua vaidade ambicionou e que a sua ignorância conquistou, um documento que a sua prepotência vai manter.

Nos dias de hoje vejo roupas importadas, festas luxuosas, joias feitas sobre encomendas e comparo com o que eu vi quando eu era criança, tudo era muito simples, uma peça de tecido de segunda e todos se vestiam uma roupa igual, o que importava era o amor pelo orisá.

A festa era simples algumas comidas feitas em casa, um doce e umas frutas, nada que se compare a cascata de chocolate, o garçom com gravata borboleta, o clube caro e as luvas brancas.
Hoje o certificado substitui as centenas de noites acordado limpando galinhas e cabritos.

O dinheiro é o passaporte, ele substitui o tempo e o trabalho, a dedicação e a fé, ele abre os caminhos da vaidade e da ambição, minimiza o tempo do aprendizado e justifica conhecimento não obtido, avaliza a incapacidade e certifica a incompetência, mas enfim, os tempos mudaram novos tempos.


sábado, 12 de outubro de 2013

A filosofia de Ifá.


Texto: Babalawo Ifagbaiyin Agboola.

Outro dia um amigo me perguntou sobre Ifá, ele me disse:

_ Será que ifá condena quem é homossexual?

 Conversei com ele por quase uma hora, acredito que ele entendeu a minha opinião sobre o assunto, respondi para ele ifá é sabedoria.

Depois de algum tempo refleti sobre nossa conversa, resolvi escrever esse texto.

Ifá para mim é equilíbrio, Ifá está dentro de nós e serve como bússola, é o ponto de referencia para que possamos nos manter no caminho.

Ifá está para o homem como a agua está para a vida, aquele que se afasta da fonte termina morrendo sedento.

Um homem tem que olhar para dentro dele para encontrar Ifá, não é lendo um livro ou indo na Nigéria que você encontra ifá, o encontro com ifá faz parte de uma reflexão sobre o seu comportamento diante da sociedade, o respeito ao próximo e a aceitação de você mesmo.

Se você é homossexual e esta feliz, porque ifá vai interferir em sua preferência sexual?
Acredito que alguns homens que são casados e deixam suas mulheres em casa, e vão se deitar com outros homens ou com outras mulheres estão com mais dificuldades em encontrar ifá, que eles mesmos não imaginam.

A traição afasta você de ifá, o roubo e a maldade com o seu semelhante afasta você de ifá, o homem quando ataca seu semelhante o faz em um momento de desequilíbrio, ifá busca estabelecer o equilíbrio dentro de nós, nos orienta para que possamos cumprir o nosso destino.

Na maioria das vezes a voz interna que ouvimos é a voz de ifá, ela quer nos orientar, mas nos negamos a ouvir.

O equilíbrio, a felicidade são expressões de ifá, talvez por isso seja tão difícil para as pessoas atingirem a realização plena dentro de nossa religião.

 A felicidade é como um vento fresco que sopra em nosso rosto, o vento muda de direção constantemente, fica em nossa memória gravado a sensação da brisa em nossa face, temos que aprender a manter na memória a sensação de felicidade. Nos momentos difíceis devemos buscar as lembranças positivas para que estejamos abastecidos de uma energia que nos mantenha no caminho certo.

A felicidade e o equilíbrio são como a agua que mata a nossa sede, constantemente a sensação de falta de liquido em nosso corpo nos desequilibra, temos que nos mantemos próximos da fonte do bom caráter para seguirmos em harmonia.

A filosofia de ifá não está em decorar versos de odu, conheço pessoas que sabem recitar belos textos, mas seus comportamentos os distanciam de ifá, são pessoas insatisfeitas com a vida e com elas mesmos, ifá nos ensina que cumprir nosso destino é estar feliz.

A verdade anda de mãos dadas com a aceitação e a aceitação é o combustível para o equilíbrio e a felicidade, se você se aceita, e aceita a vida que você tem você é feliz, estando feliz ifá lhe assegura que você esta cumprindo seu destino, Olodumare colocou o homem na terra para viver em felicidade.

O dinheiro não trás felicidade para ninguém, um dos maiores problemas que existem na não aceitação é a procura desesperada pela riqueza, esquecem os menos avisados que os seus destinos estão traçados, que você antes de nascer já fez a sua escolha.

 A parte de nosso destino que pode ser mudada não fala de posses, fala de comportamento, é na melhora e na evolução do caráter que o homem muda o seu destino, não é juntando moedas.

Se você quer ser feliz e ter equilíbrio seja fiel a sua fé, seja fiel as pessoas que você convive, seja fiel a você mesmo, haja sempre com bom caráter.

O conforto não quer dizer riqueza, ifá provém para os seus adeptos, não existe um iniciado em ifá que esteja feliz que passe por necessidade, a alegria de estar bem consigo mesmo alimenta a chama do progresso pessoal.

A caridade propicia a alegria, auxiliar ao próximo faz parte do bom viver, o equilíbrio interno é ajustado pela sensação que estamos no caminho, o homem nasceu para viver em sociedade.

Caridade é magnética e atrai a felicidade e o equilíbrio, ifá nos garante que quando ajudamos nossos semelhantes nos aproximamos do nosso destino.


sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Isso é religião?


Texto: Babalawo Ifagbaiyin Agboola.
Iniciações de quarenta mil reais no sul, iniciações de vinte mil reais em São Paulo, iniciações de vinte cinco mil reais no Rio de Janeiro.

Não me venham com a história que temos que ter ética e respeitar os preços de cada um, eu não respeito isso e vou seguir atacando essa loucura.

Um ebó para um empresário famoso foi cobrado sessenta mil reais, detalhe o material não custou cinquenta reais, isso quer dizer que o vigarista ganhou livre cinquenta e nove mil, novecentos e cinquenta reais.
A pergunta que gostaria de fazer, isso é religião?

Não somos seguidores de Jesus Cristo e não fizemos caridade o tempo todo, todos sabem que manter uma casa de religião custa muito dinheiro, agua, luz, impostos e a manutenção da estrutura tem um custo muito alto, mas usar isso como desculpa para roubar as pessoas é muita cara de pau.

Com o passar dos anos estamos assistindo um espetáculo dantesco às mulheres estão se vestindo com roupas de bailarinas que lembram muito as bonequinhas das antigas caixas de musicas e os homens seguem a linha do Aladim e o tapete mágico, esse vestuário estranho quase sempre tem um custo muito alto, e é financiado pelos menos avisados.

A loucura chega ao ponto de um sujeito levar vários anos para construir um imóvel e no dia da inauguração exigir que todos os seus filhos usem rechilieu, detalhe ele indica a loja e ganha comissão sobre isso, não satisfeito ele empresta dinheiro a juros altíssimos para que seus iniciados comprem a roupa para a bendita festa.
As pessoas chegam a tal ponto de delírio que distribuem entre os seus filhos a lista de presentes que o seu orisa quer ganhar no aniversário com ênfase anel de brilhante, corrente de ouro, pulseira em ouro branco, maquina de lavar de dez quilos e refrigerador duplex.

Eu até os dias de hoje não consegui entender essa patifaria, não sei o que acontece com as pessoas que se submetem a essa loucura, o desejo de ostentar que é iniciado em uma casa de alguém famoso tem um alto preço a ser pago.

Quase todos os famosos cobram muito caro, manter a fama tem um custo alto, um guarda roupa de uma estrela é mantido por altas quantias e algumas vaidades são sustentadas por pessoas que muitas vezes se privam de quase tudo para agradar os seus sacerdotes.

Pedir vinte, trinta, quarenta mil reais para uma pessoa para fazer uma cerimônia e conseguir dormir é fruto de uma história de golpes, contos, ludíbrios que traduzem o malfeitor, o individuo age com tanta naturalidade que enganar as pessoas faz parte da sua formação.

Estou acostumado há ser criticado por meus textos e esse certamente não vai agradar um grande número de espertos, essas figuras que recebem como pagamento de seus trabalhos, camionetas importadas, e até viagens para a Europa são os mesmos que usam as roupas extravagantes, recebem todo o tipo de espírito e criam um teatro ao seu redor.

Tem babalorisas que são acompanhados por um secretário com a função de cuidar de suas jóias quando dá incorporação do orisá me espanta que o orisá espere tranquilamente que cada um dos anéis e correntes feitos sobre encomenda sejam retirados com todo cuidado, antes de abençoar os pobres infelizes.

Olhar essas pessoas fingirem que estão incorporados me provoca, me agride, me incomoda, essa é a razão porque escrevo esse texto, minha paciência assim como a de muitas pessoas esta se esgotando, o roubo e a sacanagem ganha espaço dentro de nossa religião.

Não vou me calar diante de tanta patifaria, acredito que existe muita gente seria, religiosos exemplares que estão sendo prejudicados por esse bando de cafajestes, alguém tem que denunciar, calar é consentir, mais ainda é contribuir com esses bandidos.







Homenagem ao mestre Didi


.
Babalawo Ifagbaiyin Agboola

Quando o meu babalorisa faleceu encontrei apoio nas palavras do mestre Didi ele foi gentil comigo e atencioso, e me orientou em tudo que eu precisava, esse é um gesto de gratidão ao grande e inesquecível Alapini.

Deoscóredes Maximiliano dos Santos
02/12/1917
06/10/2013

ÒTÚRÁ-WONRÍN

Karikasikataaa-Imorimo-nmowon!
Ara oko nm’ara ilé
Èrò ayé at’èrò orun ao tun’ra wa ri.
Etutu kiituka kio ma gbarajo.
A dífá f’awa ènìyàn tiimaa sokun okú.
Ibi omo arpatpe tu wa bu won npada si.
Ewo niti ekun,
ewo ni ti ibanuje
ewo niti igbarasanle,
ewo niti aijeun?
Eniti o ran ni wa li o tun npe’ni pada ki a bowalé.
Eyiti nwu wa nínú ayé ko wu Edùmarè.
Omo-aráyé maa jokos’ayé ki won maase ibi,
Edùmarè ko fe, Edùmarè ko gba.
Nje, bi mo ba wípé lo, E maa lo:
bi mo ba wípé bo, E maa boo.
Omo ko le gbaimo baba k’ayé gun.
Ikú liomu omo wa mo orun.
Tani nro ti Edùmarè,
bikositi Èsù tani je ro ti akeboje?
Onikaluku nro ti ara won: won nwa jije-mimu.
Eemo Òkùnkùn.
Omo ko mo Baba!
Fo si mi, kimi fo si O,
ohun lafi nmo ara eni nínú òkùnkùn!
Omo kole gbaimo Baba k’ayé gun.

Tradução.

O Onisciente sabe os que malvadamente atiram nos outros.
As pessoas da fazenda conhecem as pessoas da cidade.
Viajantes da terra e do céu, nós veremos um ao outro novamente.
Térmitas não se espalham sem que se reencontrem.
Foi consultado para a humanidade que está lamentando pela morte.
A humanidade está retornando donde ela veio.
Para que lágrimas?
Para que tristeza?
Para que erguer a si mesmo para cima e para baixo?
Para que jejuar?
Ele que nos envia quando vamos é ele que nos chama para voltar.
Quem nos agrada na terra não agrada Edùmarè.
As pessoas na terra sentam na terra e eles fazem mal.
Edùmarè não gosta; Edùmarè não aceita isto.
Bem então, se eu digo vá, você vai
e se eu disser venha, você vem.
Se uma criança não conhece o seu pai, a terra não é certa.
A morte é quem leva uma criança para conhecer o céu.
Quem está pensando em Edùmarè?
Se não havia nenhum Èsù que pensaria no pobre?
Todo mundo está pensando nele; eles estão procurando comida e bebida.
Mistério da escuridão!
Uma criança não conhece o seu pai!
Fale comigo para que eu possa falar com você;
pela nossas vozes nós reconhecemos um ao outro na escuridão.
Se uma criança não conhece o seu pai, a terra não é certa.

Oráculo Sagrado de Ifá - Afolabi A Epega

Perda de valores


Babalawo Ifagbaiyin Agboola

Em agosto de 2010 participei de dois Itefás na cidade de Lagos na Nigéria, entre várias coisas que observei uma situação em particular me chamou a atenção.

Quando fomos levar o carrego dos itefás em uma propriedade próximo ao rio, meu Oluwo levou dinheiro, gin e obi para presentear o proprietário das terras.

 Antes mesmo de nosso pessoal começar os rituais, meu Oluwo e um grupo de babalawos foi visitar o líder de uma comunidade que administravam aquela propriedade, levou com ele uns presentes, mas, mais do que isso ele foi educado.

A falta de educação dos religiosos em nosso país é caracterizada em uma situação que é bastante comum nos dias de hoje, você convida as pessoas para vir a sua casa elas comem, bebem, dançam e ainda recebem espíritos, mas não perdem o hábito de falar mal de você, com naturalidade elas fazem comentários pejorativos.

Como é que alguém que se diz um religioso vem na sua casa e sai falando mal de você, muitas vezes essas pessoas precisaram de você, você as ajudou e até contribuiu com materiais e o seu trabalho para ajuda-las, porque isso acontece, porque as pessoas cospem no prato que comeram?

Alguns historiadores atribuem essa postura de nosso povo alegando que descendemos do pior tipo de gente que fizeram parte da tripulação das caravelas dos colonizadores.

Eu não concordo com isso, acredito que a influência da mídia nessas questões é a explicação para o problema, na vida moderna os pais trabalham fora e as crianças passam grande parte do tempo diante de um aparelho televisor.

Vamos analisar o seguinte, nas novelas todas as mulheres são apaixonadas e mantém um relacionamento com mais de um homem, os homens sabem que suas mulheres são apaixonadas por outro homem, ou por uma mulher e mesmo assim juram amor eterno, enquanto algumas mulheres se dizem apaixonadas visando o lucro financeiro.

A cada quadro que se apresenta demonstrações de falta de caráter e respeito se perpetuam de capítulo em capítulo de novela em novela, os jovens aprendem como fingir, como roubar e como iludir.

Não é raro ver meninas com cinco, seis anos dançando na boquinha da garrafa, isso gera o que nós estamos assistindo, me chama atenção que as autoridades não consigam controlar tal fato, jovens, crianças fazem sexo oral dentro dos carros por cinco reais, esse dinheiro serve para alimentar o vicio e a cada ato mais uma pedra é consumida.

Qualquer dia desses vamos sentir vergonha de ser honestos, já tivemos médicos famosos, estupradores, presidentes ladrões e policiais que erram o tiro e acertam a vitima, nossa história esta sendo escrita com mais erro que acertos, estranho que alguns religiosos não se pronunciem contra essa aberração.

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Ifá é para todos.

Babalawo Ifagbaiyin Agboola

Com o objetivo de tentar esclarecer mais uma vez as dúvidas das pessoas que entram em contato conosco, vamos de forma clara e direta abordar alguns rituais da religião tradicional yoruba e do culto a ifá.

Isefá:

 Esse ritual que algumas pessoas tem nos questionado bastante sobre se é uma iniciação ou não, acredito que se você recebe o seu assentamento de Orunmila e através dele tem uma orientação de um odu, e recebe um nome de acordo com o mesmo, não existe como negar que é uma pré-iniciação, se é que podemos dizer assim.

Não podemos dizer que é uma iniciação, porque a pessoa não raspa e não é pintada, com efun (pó branco) e osun (pó vermelho), não recebe opele, nem opon e muito menos irukere.
Exemplo: Ose/ Ogbe.

A pessoa que faz isefá segue, com os seus princípios religiosos, sem alterar o fato da incorporação, no caso de quem se incorporava antes do ritual, esse ritual é muito indicado para pessoas que tem problemas para identificar os orisás mais adequados a serem cultuados.

O itefá é uma iniciação no culto de Orunmila, durante o ritual a cabeça é raspada e o corpo pintado com efun e osun, no itefá poderá ou não ser incluído opele, opon, o irukere é indispensável.
 A pessoa que faz itefá segue com seus princípios religiosos sem alterar o fato da incorporação, no caso de quem se incorporava antes do ritual.

Quanto a incorporação no caso de uma iyanifa existem alguns rituais que impede que ela incorpore, entre os rituais podemos citar aqui, a apresentação a Osun (antepassado), quando os antepassados do Egbe ifá reconhecem a sacerdotisa.

No caso dos babalawos, uma das diferenças é o reconhecimento do mesmo por Iya odu após essa cerimônia ninguém incorpora JAMAIS, isso defini uma das diferenças, de um itefá e um Ìtélodú (cerimônia que Iya odu reconhece o babalawo).
Exemplo: Irete/Iwori, Ogbe/Ate.

Raramente em um isefá a pessoa recebe o assentamento de Èsù, já no itefa é obrigatório o assentamento de ÈSÙ, em alinhamento com o odu do iniciado.

Existem exceções, em um isefá quando aparece à indicação de odus que falam de sacerdócio, tem sequencia o ritual e ifá é alimentado novamente, quando é incluindo um opele para estudo, dando inicio a preparação do futuro sacerdote, babalawo ou iyanifa.

O isefá pode orientar da necessidade de culto a orisás específicos, mas a identificação precisa dos orisá Ori ou orisá ire acontece no itefá.

O bori é indicado em alguns odus mesmo com a orientação do isefá, mas o assentamento de Ori só pode ser feito depois do itefá, onde Ori, odu e Èsù devem ser alinhados para que se cumpram as orientações de Orunmila.

Após o itefá pode ser indicado à iniciação do orisá Ori ou orisa ire, muitas vezes acontece do orisa Ori ser o mesmo orisa ire.

Orisá ire: É um dos orisás que faz parte do odu da pessoa, normalmente no encerramento do itefá, é consultado ifá sobre qual orisa esta trazendo benefícios e indicações positivas para o iniciado.

Exemplo:
Odu Irete/Ogbe: esse odu fala de problemas para a concepção, nesse odu fala muito Osun, Olósa e Olokun, esses podem ser os Orisás (ires), aqueles que vão beneficiar a pessoa, isso não quer dizer que o orisa Ori seja um deles, embora seja muito comum nesse caso orisa Ori Osun.

Orisa Ori:

 Essa é uma designação comumente usada para identificar o orisá da feitura, de um oloorisa ou um futuro babalorisa, é muito comum que a pessoa receba inúmeros benefícios dos orisás ires, mas pode acontecer que os aspectos positivos para a vida do iniciado, venha através do orisa Ori.

Ori:

No itefá é comum após identificar o odu à preparação do Ile Ori, não existe iniciação em Ori, existe sim etutu no iba previamente preparado em alinhamento com o odu de nascimento.
 Quem não passou por itefá oferece etutu em uma vasilha simples em sua cabeça, mas não tem Ile Ori.
Exemplo: Ogbe meji, Ogbe irosun, iwori meji, Oturupon meji.

Aje:

 Vejo muitas pessoas falando sobre iniciação em Aje, existem varias formas de iniciar no culto desse orisa, mas o ideal é após o itefa, Aje deve ser assentado com o odu de nascimento em alinhamento com o Ori e o Èsù pessoal ou Alajé. A iniciação correta proporciona resultados surpreendentes.
Exemplo: Ogbe meji, Ogbe/Obara, Ogbe/ ate.

Iya mi em algumas cerimonias de isefá ou itefá é comum identificar a necessidade do iniciado em ifá, pactuar com Iya mi, o certo é que a palavra iniciação não deve ser usado no culto de Iya mi, ninguém inicia em Iya mi!

Exemplo: Osa meji, Ogbe/Osa.

Baba Oro, após o itefá algumas pessoas do sexo masculino necessitam da iniciação no culto dessa divindade, o número de odus que indica iniciação em Oro é bastante reduzido.

Exemplo: Ate pa iwori .

Baba Egungun:

Algumas pessoas necessitam ser iniciadas no culto de Egungun após a cerimônia do isefá ou o Itefá é comum a iniciação nesse orisa.

Exemplo: odu Oturupon meji, Ika meji, Irete meji.

Algumas iniciações podem surgir de indicações durante consulta a Orunmila com opele.

O babalawo assim como a iyanifa pode orientar os iniciados a partir de uma consulta aos ikins do iniciado, mas também é muito comum que ele consulte com os seus ikins, existem situações que dispensa iniciações e ebós.

Exemplo: odu Irete/Oyeku

Para algumas pessoas o entendimento desse texto pode ser prejudicado principalmente quando abordamos os pactos com Iya mi mas existe a necessidade de manter algumas coisas entre as linhas e a abordagem com eufemismo se faz necessário.









domingo, 29 de setembro de 2013

BRASIL MOSTRA A TUA CARA.


A história politica recente do Brasil é tão vergonhosa, que a mãe pátria pariu inúmeros filhos sem nenhuma vergonha, em meio a escândalos, desvios de verbas e acidentes fatais envolvendo pessoas que denunciaram corruptos, as páginas da história de nosso povo estão sendo escritas.

Partes de nossa população, homens, mulheres e até crianças, não escondem o instinto corrupto, a lei que se faz presente, é a lei da vantagem onde o que mais se vê é o uso do comportamento politicamente incorreto.

Há algum tempo atrás, li em uma revista, uma declaração de um babalawo que disse “no Brasil não tem dez babalawos de verdade”, isso na época me deixou muito irritado, fiquei triste porque imaginava que a pessoa queria chamar a atenção para a sua boa formação de sacerdote, desfazendo da formação dos outros.

Constantemente atendo pessoas que se dizem babalawos, a grande maioria deles não foi apresentado, para iya odu, e fizeram uma iniciação no mínimo estranha, o número de cerimonias descritas por essas pessoas, lembra mais um isefa, com algumas invenções.

A ordem que essas pessoas descrevem de suas iniciações, não existe, assim como não existe iniciação em egungun, pelo correio, no meu caso eu antes de receber por ordem do meu oluwo, das mãos do meu babalawo o primeiro baba egungun de minha casa, cultuei egungun, em isan, mais de vinte anos, como alguém pode ser iniciado pelo correio?

Nos últimos meses tenho recebido relatos de pessoas que são iniciadas sem estar presente, em rituais, a grande maioria das pessoas deveriam ser orientadas haja visto que a presença na iniciação é condição primeira para os rituais, além da aprovação de ifá.

A falta de vergonha de supostos oluwos, me faz pensar sobre a capacidade humana em termos de que tudo pode ser negociado, que tudo tem um preço e isso me vergonha.

Já denunciei várias vezes à venda de iya odu, pelo correio, se não fosse isso a venda de òrìsàs vindos da Nigéria na cidade de São Paulo, já vem sendo feita, há algum tempo.

 Você recebe em casa Egbe Orun, Obaluaiyê, Esu Awere, Sango e outros òrìsàs, sem ter tido qualquer contato com os sacerdotes que preparam esses orisás, mesmo você não sendo iniciado.
Como é que um òrìsà é preparado na África, para alguém que o sacerdote desconhece o nome e que não sabe nada dessa divindade?

Isso seria a mesma coisa, que iniciar um leigo em Ogboni.
 Essas loucuras tem que serem combatidas, hoje mesmo um sujeito me ofereceu no facebook, segredos do culto de Iya mi, as pessoas estão completamente sem vergonha.

Alguns dos babalawos de hoje, desconhecem que existem várias formas de alimentar um opele.
 O opele que passa por rituais junto com ifá na iniciação passa por outros rituais bem diferentes, para atender clientes, existem vários tipo de opele e várias consagrações diferentes.

O opon assim como opele, cada uma direcionada para uma finalidade, passam por rituais distintos, o opon do awo ifá, é consagrado diferente, do opon do babalawo.

O processo que envolve a formação de um babalawo é fundamentado em muita dedicação e paciência, além de muita seriedade e responsabilidade.

O Conselho Nacional de Ifá vai enfrentar muitas dificuldades, muitas pessoas não conseguem abrir mão de crenças particulares, e carregam isso para dentro do culto de ifá. Esse fato cria uma nova versão do que é a religião tradicional yoruba, distorcendo o que ela tem, de mais bonito e mais puro, que é a simplicidade dos rituais.

 O carnaval esta no Brasil, para o ifá, assim como a falta de respeito com as pessoas que procuram a nossa religião, esta para a divulgação de coisas que não existem.

O trabalho do CNI vai exigir paciência e pulso forte, os membros do conselho vão precisar de apoio jurídico que através das leis de nosso país, podem coibir invencionices que estão sendo usadas para preencher a lacuna da falta de informação.

Às vezes penso, será que o babalawo, que deu a declaração à revista tem razão?

A questão é histórica, o maior corrupto é o que aceita o dinheiro, ou aquele que paga por algo que não tem direito.

 A vergonha maior é saber que tanto um como outro sempre vão procurar justificar os seus atos com boas intenções.




quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Iniciação em ifá sem mistérios

Texto: Babalawo Ifagbaiyin Agboola
Quando se houve falar de um itefá algumas pessoas menos avisadas imaginam algo impossível de ser feito no Brasil.

Na verdade o itefá já é feito no Brasil há muitos anos, vejo falar de tudo, leio coisas que parecem um conto de fadas, já li desde plantas especiais, até tipo de terra especial em um igbodu, em meio a tudo isso fico imaginando o que o leigo consegue entender sobre a iniciação em ifá e as suas implicações.

É evidente que entre esses grandes números de informações destorcidos,existem duas ou três razões, a primeira delas é a falta de informações das pessoas que divulgam, a segunda eu considero pior, que é o interesse em dificultar para que se sinta a implicação direta de que quanto mais difícil mais caro deva ser cobrado.

Então seguindo os versos de ifa, vou tentar afastar os mistérios de uma iniciação, pretendo aqui descrever alguns rituais sem ofender os segredos contidos dentro do igbodu.

Todos sabem que pare que um itefa seja realizado, é necessário mais de um babalawo, na Nigéria é comum se ver, vinte babalawos para fazer um itefa, lá tudo é bem diferente daqui e os babalawos são muito unidos, todos respeitam as diferenças familiares em rituais e convivem em harmonia, o fato de necessitar várias pessoas para um itefá, poderá ser percebido conforme segue a orientação de Orunmila no esse ifá.

O trabalho que envolve uma iniciação pode ser visto de duas formas, existem dois tipos de igbodu, o que é construído só com folhas ou aquele que já é pré-construído e abriga iya odu, durante todo o ano, esse segundo é mais comum, haja visto que todos sabem que mulheres não podem ter acesso a esse assentamento, então na Nigéria é comum que iya odu seja mantida em uma pequena construção de alvenaria ou madeira.

Outro erro que é visto no nosso país e a referência ao igbodu, (floresta sagrada), tradução essa que é vista por leigos como a necessidade de iniciar uma pessoa em ifá no meio das matas, é verdade que em algumas aldeias retiradas, ainda tem bastante árvores, mais ninguém fica no meio do mato abandonado por três dias e três noites, me divirto quando ouço esses relatos.

Após a consulta a ifá que identifica o momento exato da iniciação e é constatada a autorização de ifá, para que aquele sacerdote dirija a cerimonia após a chegada da pessoa a ser iniciada, com todos os matérias que foram previamente comprados de acordo com a orientação do babalawo, se inicia as cerimônias, que depende da família são em torno de 40 rituais diferentes.

Um ou dois babalawos são encarregados de preparar o igbodu com folhas, dividindo a entrada e o espaço a ser utilizado em duas partes, um dos babalawos após a preparação do ambiente, alimenta a terra e pede permissão para construir o caminho que eleva ao ambiente sagrado, depositando na terra, búzios e dois ou três elementos a mais em número impar de um lado e par do outro lado da estrada, que dá acesso ao local, previamente preparado.

O grupo que vai participar da iniciação se divide em tarefas, enquanto a iya apetebi cuida dos pertences do iniciado, a iyanifa prepara o carrego para a entrada no igbodu, em meio a isso, o oluwo e o babalawo amarram simultaneamente em um dos braços e uma das pernas um pedaço de tecido virgem branco que contém uma parte de um dinheiro que representam o pagamento para o inicio dos rituais.

Começa então um cortejo que se desenvolve em direção ao igbodu, com o oluwo na frente conduzindo Osun (antepassado), que representa o reconhecimento dos antepassados para o ritual que se inicia, seguido pelo babalawo e a iya apetebi, com o yangui de esu, sobre a cabeça, esse ritual que apresenta o iniciado aos antepassados dos familiares retrata o esforço que ele faz para agradar as divindades, em um carrego bastante amplo, amostras de cada um dos elementos a serem usados na iniciação, são conduzidas sobre a cabeça do iniciado, acompanhado dos membros do egbe ifá, amparado pelo iyanifa que agrada com dendê, gim, algumas divindades aos pés do cortejo.

Na entrada do igbodu o iniciado vai estar vendado, pois até que sejam formalizados os rituais para que ele entre na parte que antecede o igbodu, muitas coisa acontece, ele é envolvido em um clima de expectativa sentado segurando os animais e o material, enquanto o oluwo e o babalawo oferecem obi e orobo para esu Odara e Orunmila.

Após a autorização a venda é retirada todo material é colocado dentro do igbodu e se inicia a raspagem do iniciado, é claro que todos entendem a razão de omitir alguns detalhes aqui, vamos seguir a descrição, deixando pequenos espaços, mas desmistificando o grosso dos rituais. Os rituais prosseguem simultaneamente os mesmos babalawos que preparam Osun, previamente para a cerimônia reservam uma parte das folhas que vai ser usada junto com um elemento especifico para lavar os olhos das pessoas que vão começar os rituais dentro do igbodu.

O primeiro grupo trabalha na preparação da parte interna do igbodu, e o segundo grupo prepara o iniciado pode acontecer nesse espaço de tempo que um terceiro grupo busque fora elementos que caracterizam o ritual que jamais podem ser mencionados ou vistos por quem não tenha participado de tal ritual antes.
O numero de cerimônias da uma dimensão da quantidade de trabalho, esse número grande de pessoas precisa usar os banheiros que devem estar limpos e evidentemente precisa estar bem alimentados, o que implica em muito trabalho nos bastidores.

Após a entrada oluwo e babalawo agradam ifá, Iya odu, Osun e Esu, não necessariamente nessa ordem mais em ordem que não vamos divulgar aqui, o iniciado que antes da entrada passou por uma consulta a ifá, e por um ebó riru, agora com a cabeça raspada, vai conhecer o seu odu, que em seguida vai ser alimentado é evidente que antes disso são feitos alguns imules e antes que o awo coloque os olhos no seu ifá da terra vai brotar o segredo.

Depois disso alguns rituais envolvendo banhos, pinturas e a preparação da nova roupa do awo, devem ser feitos de forma reservada, por pessoas do mesmo sexo, considerando o fato de que para colocar uma roupa é necessário tirar outra que vai ser despachado junto com o cabelo, em um local que não vamos definir aqui, posteriormente a isso e só posteriormente a isso, o Esu do iniciado vai ser alimentado, em alinhamento com o odu ifá do awo.

Após essa parte, todos os participantes fazem um intervalo onde se alimentam e planeja a segunda etapa, na segunda etapa o Esu da casa é alimentado, e abençoa o caminho do novo iniciado como membro do egbe.
Seguimos descrevendo evidentemente em uma ordem que não deixe nítido o teor e a sequencia dos rituais, o grupo desenvolve várias atribuições ao mesmo tempo, em um dado momento ifá do iniciado sai do igbodu para ser alimentado fora, porque o awo deve presenciar esses rituais, e nem sempre quem participa de um itefa, em um futuro pode ter acesso a um igbodu.

Após esses rituais pequenos rituais, mas de grande importância confirmam o awo, como membro do egbe, o awo que fez vários imules e compactuou com o segredo e assumiu a responsabilidade com a verdade, é parabenizado por todos os membros do egbe, agora montado por Orunmila em um momento único abençoa todos os membros que participaram do itefa.

Em algumas famílias esses rituais são divididos em três partes, que podem ser feitos em três ou sete dias, a grande maioria das famílias faz em três dias, quando o awo vai ao rio em outro ritual que não podemos descrever aqui, ele se desfaz de sua vida pregressa, portador agora de um novo nome, que o identifica com uma nova vida.

Quando me propus a escrever esse texto foi sabendo que os palpiteiros de plantão vão comentar a minha ousadia, não vejo que eu esteja revelando algum segredo, esse texto tenta contribuir para o esclarecimento visando afastar, definitivamente as histórias mirabolantes do que é ser iniciado em ifá.

Do itefa ao Ìtélodú muito pouco pode ser descrito aqui, por razões bem claras, não vamos explicar as três cerimonias que diferem um itefa de um Ìtélodú.
Que fique claro:

Só um babalawo passa por um Ìtélodú.

Só um babalawo faz imules com Iya odu.

 Só um babalawo vê Iya odu

 Aquele que vê Iya odu, não incorpora.

Que um Babalawo, não consulta merindilogun, consulta opele e ikin.

 Aquele que é submetido a um itefa pode incorporar ou não o seu orisá.

 Aquele que é submetido a um itefa pode ser um babalorisa, yalorisa, ou Olorisa, e que essas pessoas não veem Iya odu.

 Que uma Iyanifa ou Iyaonifa consulta opele e ikin, mas não vê Iya odu.

Que babalorisa não consulta merindilogun em cima de opon.

Que opon ifá, é um instrumento usado por babalawos e awos com permissão de seus oluwos.

Que opele ifá, é um instrumento usado por babalawos, yanifas, awos, com permissão do seu oluwo.

O itefa é uma cerimônia de iniciação em ifá.

O itelodu é o reconhecimento do sacerdote por Iya odu.

O igbodu é o local que identifica áreas com diferentes funções parte do igbodu, só acessada pelo babalawos, a área que antecede o local onde fica Iya  odu que geralmente também chamada igbodu, é acessada por pessoas que só tem a cerimônia de itefa, ou iyanifas. A designação de igbodu é muito diferente da descrita em literaturas criadas por pessoas que não foram submetidas ao itelodu.

Awo Elegan é a pessoa que é submetida ao itefa, mas que jamais vai ver Iya odu.




 MENTIRA

Texto:Babalawo Ifagbaiyin Agboola
Tenho observado com certa surpresa a cara de pau de algumas pessoas de fora do nosso país, que acreditam que os brasileiros são idiotas.

Essas figuras que quase sempre ostentam um nome em yoruba, bastante chamativo se propõem a vender a cueca de algum antepassado distante, com a promessa que a roupa intima opera milagres, esses malucos vendem a própria mãe.

Os comerciantes de plantão aparecem engolindo fogo, enfiando faca na orelha, se dizendo incorporado com uma divindade, acredito que estão incorporados com a falta de vergonha, porque ao mesmo tempo em que se dizem eleguns de orisás também ostentam os titulo de babalawo, tendo a coragem de postarem fotos fazendo ebó riru.

Mas não é só fora do nosso país que tem comerciantes, outro dia recebi uma mensagem de um babalorisa de São Paulo me convidando para uma consulta, ele queria jogar búzios para mim, e dizia no corpo de sua mensagem que ele tinha a solução para os meus problemas, acontece que eu nunca falei com esse senhor e também não tive nenhum contato com ele, nem pela internet como é que ele tem tanto poder?

O facebook virou um grande mercado, você pode vender tudo sem nenhuma fiscalização, acontece que as pessoas desconhecem Ajagunmale, e não sabem o perigo que estão correndo, as suas atitudes não vão passar despercebidas.

Recentemente acompanhamos fatos bastante desagradáveis para quem cultua ifá, mas a ação de Ajagunmale sem dúvida representa a sabedoria divina, e essas pessoas que estão sendo desmascaradas na internet por incrível que pareça estão contribuindo com suas ações indignas para despertar as pessoas de nosso país, sobre esses acontecimentos lamentáveis.

Historicamente a internet em nosso país, serve para desmascarar os falsos profetas, as pessoas esquecem que a Nigéria, via internet esta alguns segundos de distancia do Brasil, e que tudo que é escrito aqui é lido lá, o último episódio envolvendo um suposto sacerdote de Sango, deixou claro que nossos irmãos do lado de lá, do oceano, nos observam o tempo todo.

Fica aqui o alerta para as pessoas que pretendem se iniciar ou até mesmo comprar algum material necessário para rituais, pesquisem profundamente os supostos vendedores antes de depositarem o seu dinheiro, pois como sabemos tem gente até vendendo iya odu pelo correio, o pior disso tudo, que tem gente que acredita que vai de fato receber iya odu, mas quando chega à mercadoria tem folhas secas dentro da vasilha.

O desconhecimento da função de Ajagunmale, e Osun (antepassado), na vida do iniciado em ifá, caracteriza o desconhecimento que a todo o momento estamos sendo vigiados por nossos antepassados, e que Orunmila tem várias faces, Ajagunmale é a sua face, mais temida, ele não perdoa, ele não aceita etutu, ele não esquece.


OFUN/OSE

Eni to ba puro
Iro a pa
Eni ti o ba seke
Eke a ke won lowo
A ke wån lese
A ti won si gburugburu ona oun
Awon lo se ifa fun ajangurumale
Ti nse oluwo lode orun
Gbogbo eni ti o ba
Nfi suru pe suru
Ajangurumale ifa
Ni yoo ja won sorun
Gbogbo eni ti o ba
Nfi suru pe suru
Ajangurumale, ifa ni yoo ja won sorun
E ma fi oku pe aye
E ma fi aye pe oku
Eni ti o ba fi oku pe aye
Eni ti o ba fi aye pe oku
Ajangurumale ifa ni yoo ja won sorun
Ajangurumale
E ma fi abiyamo pe agan
E ma fi agan pe oyibi
Eni ti o ba fi abiyamo pe agan
Ti o fi agan pe oyibi
Ajangurumale, ifa ni yoo ja won sorun.

Este itan do Odu Ofun-Ose, narrado ao Babá King pelo venerável Babalawo Fabunmi Sowunmi

Aquele que mente será destruído pela mentira.
Aquele que provoca discórdia será destruído pela discórdia.
A falsidade despojará o falso da força vital de que dispõe.
 A falsidade destruirá os falsos.
Foram eles que adivinharam para Ajagunmale (Ifá), sábio supremo no orun.
Todos aqueles que trocam a verdade pela mentira serão levados para o orun por Ajagunmale (Ifá)
Não chamem o morto de vivo, nem chamem o vivo de morto.
Quem chama o morto de vivo ou chama o vivo de morto será levado para o orun por Ajagunmale (Ifá)
Não chamem uma mulher fértil de estéril, nem chamem uma mulher estéril de fértil.
Quem chama uma mulher fértil de estéril ou chama uma mulher estéril de fértil será levado para o orun por Ajagunmale (Ifá)
Não chamem o preto de branco, nem chamem o branco de preto.
Quem chama o preto de branco ou chama o branco de preto, será levado para o orun por Ajagunmale (Ifá)
Orunmilá diz que prefere matar o babalawo que mente para quem o procura em busca da verdade e colocar em seu lugar um homem ignorante a respeito da complexa sabedoria de Ifá.

Orunmilá prefere um homem que não conhece a sabedoria de Ifá do que um grande conhecedor dessa sabedoria que seja falso e mentiroso.




domingo, 22 de setembro de 2013

A escolha de um Araba.

Homenagem ao Oloye Akano Fashina Agboola
 Texto: Babalawo Ifagbiyin Agboola
Ao longo do tempo a história humana vem sendo escrita pelos povos que detém o poder bélico, logístico ou financeiro, o poder quase sempre detém a informação e a transforma em arma de manipulação.

No caso da escolha dos arabas no território yoruba essa máxima da historia humana citada acima, perde o sentido e o saber ocupa o espaço do poder.

Quando uma pessoa quer ser iniciada em ifá, nada a não ser ifá pode impedir a iniciação, já quando uma pessoa pretende ser um babalawo a indicação do odu é fundamental, alguns odus indicam claramente que a pessoa deve ser iniciada como sacerdote, como é o caso do odu irete meji, que diz (aquele nascido nesse odu, de sexo masculino deve já na infância ser iniciado como babalawo).

Ser um oluwo já é bem diferente, implica no fato de poder iniciar outros babalawos, para isso, ele necessita além de ter alguns assentamentos, ter conhecimento para fazer as iniciações.

Para se tornar um araba a historia é bem diferente, primeiramente você deve ser um babalawo, que se tornou um oluwo, com muitos anos e com muitas iniciações reconhecidas, em seu histórico de sacerdote.

Um araba é um babalawo, que tem o apoio da totalidade dos babalawos, de sua cidade ou família, o critério para a escolha passa por uma sabatina que pode levar ate três dias e três noites de incansáveis questionamentos sobre odu.

Quando conversei com o araba Awodiran sobre esse assunto, ele relatou o processo de sua escolha, com uma palavra, proeminência, a escolha do candidato é baseada na historia do mesmo, ele deve ser uma pessoa de notório saber e de um caráter exemplar.

Já a confirmação do mesmo no cargo somente após a sabatina isso será reconhecido pelas autoridades da região, no caso o rei, quando o rei participa de um evento ele reconhece a importância politica ou religiosa e fortalece o mesmo diante da população.

Voltando ao caso da escolha araba Awodiran mais de cem babalawos participaram da sabatina. Ele recitou mais de dois mil e quinhentos versos de ifa, só após o reconhecimento de todos os babalawos, o rei o reconheceu como araba.

A historia de alguns arabas faz parte da historia da cultura de ifá, um exemplo claro disso é a historia do pai do araba Awodiran (Oloye Akano Fashina Agboola), alguns de seus discípulos se tornaram arabas, a importância dele é confirmada no bairro de Ebetu Meta, na cidade de Lagos, a rua que ele morava recebeu o nome de Odu Ifá, em sua homenagem e sua casa é mantida até hoje, como local de estudo e pratica de rituais religiosos, unindo babalawos de todo o território yoruba.

A função de araba é o símbolo do reconhecimento espiritual somado a aceitação unanime de seus pares, o homem que se torna um araba é respeitado e reconhecido dentro e fora do território yoruba, é verdade que algumas pessoas infelizmente não conseguem compreender a importância desses sacerdotes, homens ou orisás em terra, exemplos a serem seguidos.

Na cerimonia de reconhecimento de um oloye (aquele que possui o cargo), existe um ritual que é bem conhecido a grande maioria das pessoas já deve ter visto fotos onde o escolhido aparece com algumas folhas penduradas dos dois lados do rosto, a foto é muito bonita a cerimonia é publica, mas até chegar ai, é uma historia, não existe iniciação para araba a figura de um araba é construída com dedicação, trabalho e muitos anos de estudo.


Odu otura Meji

In the spirit of Religious Tolerance, I hereby felicitate with the muslims all over the wotld for the Eid-el Fitr from the Divine Message of Olodumare, "Otua Meji" as follows;

Baba Araba ni Baba
Baba Araba ni Baba
Eni a ba laba ni Baba
Eni a ba niwaju ti to Baba enii se
Adifa fun Baba Imole a bewu osingin lorun
Tii nsawo lo ile Hausa
Won a ni owo sa, aya sa, omo sa, ile sa, ire gbogbo alaafia
Stay blessed the moslems, christians and african traditional religionists. .(Araba Awodiran Agboola)

Tradução Português

No espírito de tolerância religiosa, tenho a honra de viver feliz com pessoas de outras religiões do mundo inteiro, graças a Olodumare como segue no odu Otura Meji, segue:

A pessoa com o título de Araba é um pai
O título de Araba faz um pai
A pessoa que encontramos na cabana é um pai
A pessoa na frente é bom o suficiente para ser nosso pai
Mensagem Divina revelada por um muçulmano idoso com robe elegante
Ia em missão espiritual para a terra dos muçulmanos (Hausa).
Eles oram por dinheiro, boas esposas / maridos, bons filhos, casas condizente, boa saúde e todas as coisas boas da vida ALAAFIA.

Que fique abençoados os muçulmanos, cristãos e religiosos tradicionais africanos.(Araba Awodiran Agboola)

Postado por Bàbàláwo Ifágbaíyin Agboolà

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

IFÁ É PARA TODOS SIM!

Araba Ifayemi Elebuibon e Araba Awodiran Agboola dois grande sacerdotes e grandes escritores,divulgadores da palavra de ifá.

Esse texto é em homenagem ao Araba Ifayemi Elebuibon, pelo belíssimo trabalho que vem desenvolvendo.

Babalawo Ifagbaiyin Agboola

Ifá é para todos, muçulmanos, católicos, umbandistas, candomblecistas, espiritas, pessoa que professam o judaísmo, todos podem consultar Ifá, Ifá é sabedoria, é luz e paz.

A pretensa elite cega que afirma que Ifá é só para escolhidos, além de desinformada é pretensiosa, quando afirma que só o grupo a qual elas pertencem é o escolhido por Ifá.

Que religião seria essa que escolhe para quem deve ser dirigida uma palavra de conforto e esperança.

A principal razão para fazer parte de qualquer religião, como diz a palavra é para se religar ao divino, se o divino é elitista a religião deixa de existir.
 Discursos filosóficos baseados na opinião própria deixam de ter sentido a diferença entre o certo e o errado esta descrita pela mão do homem, por isso que digo que temos que ouvi a voz interior, somos uma extensão de Olodumare e dentro de nós habita o divino, que o divino e eterno saber de Orunmila, nos mostre o caminho.

No livro : Apetebi A esposa de Orunmila.

 O Araba Ifayemi Elebuibon, descreve de forma bem clara que ifá esta ali para corrigir a vida de todas as pessoas, o que confirma a frase que nós costumamos usar: IFÁ É PARA TODOS! (essa frase não é nossa, e sim do araba Elebuibon).

Ifá está ali para corrigir, todos os erros na vida de todas as pessoas. Vai guiá-las e protegê-las, de forma que elas alcancem o que desejam.
Pagina: 11 introdução.

Esse belo trabalho do Araba Ifayemi Elebuibon, deveria ser lido, por todos aqueles que acreditam que ifá é uma religião que vem contribuindo para o melhoramento da atividade humana, e o desenvolvimento espiritual de cada um de nós.

Ifá gbe wa o




quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Ògbóni /Edan/Sàkì/ ìtagbè.


 OGBE-YONU

Iyán di átúngún
Óbé di átu´nsè
Wón ni kó ebi ku ohun kóhun mó
Bikò se ohun àjogún bá won kan soso
Ti wón fi njo ba
Eyi kìíse ohun mìràn bikò se Sàkì
Ebi ni ki Sàkì ná di ti Rà `ndàwú
Rà `ndàwú gba Sàkì odi Aláse ilú
Ó joba lóri gbogbo won
Sàkì wá gba yì ó gb’éye
Ódi ohun olá odi ohun iyì
Bi akò bá n”Rà `ndàwú
Akó lè joyè baba eni
Ohun ti sùúrú seti
Ilè ní gbé

No odu ogbe/Yonu explica o uso do Ìtagbè ou Sàkì, (parte do vestuário ogboni, diz o ese ifá, que jamais deve se desrespeitar aquele que cobre o ombro esquerdo, com tal vestimenta).

O Sàkì representa a parte interna do estomago humano e caracteriza aquilo que tem demais intimo dentro de cada um de nós, representa que o nosso interior esta exposto e nossas intenções.

O homem que estiver usando essa peça do vestuário Ògbóni jamais pode ter a sua palavra questionada ou colocada em dúvida, diz ifá, que nada pode superar a força de Edan plantado na terra, aquele que possui Edan tem sua dignidade como marca registrada do seu viver.

Odu irosun/ose fala da responsabilidade que o Ogboni tem com a verdade.

Odu irosun/iwori fala da insatisfação de Orunmila com o comportamento dos homens e do pacto feito com Edan para que se mantenha a verdade.

A confecção do Ìtagbè fica a cargo das mulheres que cultuam Obalufon, processo é demorado e envolve inúmeras orações e oferendas no momento da confecção.

Ifá nos revela na historia de Poroyen a mulher que salvou a vida de Orunmila com o Ìtagbè.
Orunmila tinha caído durante a noite dentro de um buraco e ficou preso por sete dias e sete noites, sem conseguir sair, no sétimo dia começou a cantar e a sua voz foi ouvida por Poroyen, que se aproximou do buraco e olhando Orunmila se apaixonou por ele, fazendo uma proposta que Orunmila aceitou. Poroyen disse que o tiraria do buraco o auxiliando com seu Ìtagbè, se ele se casasse com ela, foi isso que aconteceu e eles tiveram filhos.

O Sàkì, só é usado sobre a cabeça dos anciões no conselho Ogboni quando eles expressam a sua opinião em decisões dentro do conselho, todos o Ògbóni usa o Sàkì no ombro esquerdo, salvo aqueles membros que não são iniciados no ifá, governantes, políticos e pessoas de influências na sociedade, que tem conduta ilibada reconhecida.

As pequenas divergências que presenciamos sobre esse tema não diminui em nada qualquer uma das partes, a interpretação diferente demonstra o plural e ifá nos ensina que o singular é demonstração de falta de maturidade.

No território yoruba existem muitas faces para a mesma verdade.

A ki igbé Sàkì lé iká ka puro.

Ògbóni Ekùn!